Polícia de SP investiga se ouro roubado em aeroporto foi para China

País é possível destino dos 720 kg levados de Cumbica; polícia suspeita de ação a conta-gotas

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São Paulo

Os 720 quilos de ouro roubados no terminal de cargas do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, no dia 25 de julho, podem estar sendo levados pelos criminosos para fora do país, em pequenas porções, para evitar a fiscalização da polícia.

Um dos destinos investigados, segundo a Folha apurou, é a China. 

Material apreendido pela polícia durante investigação do ouro roubado de Cumbica; polícia suspeita que placas estariam sendo colocadas no lugar de baterias de celulares e enviados pra China
Material apreendido durante investigação; polícia suspeita que placas estariam sendo colocadas no lugar de baterias de celulares e enviadas pra China - Divulgação

Essa é uma das mais fortes possibilidades levantadas pela Polícia Civil nos últimos dias, segundo integrantes da cúpula da Secretaria da Segurança, com o avanço das investigações sobre um dos maiores roubos do país.

O valor do ouro roubado é estimado em R$ 120 milhões. A operação criminosa exigiu do bando um gasto de R$ 1 milhão, segundo a investigação.

 

Até agora, os policiais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), conseguiram informações que levaram a decretação, por parte da Justiça, da prisão preventiva (sem prazo definido) de seis suspeitos. Quatro estão presos e dois, foragidos.

Os detalhes dessa possível rota do ouro devem ser divulgados ao longo nesta tarde quando os delegados Pedro Ivo Corrêa e João Hueb, da 5ª Delegacia Patrimônio (Delegacia de Investigações sobre Roubo a Banco), concederão entrevista sobre o caso. Nenhum grama do ouro, contudo, havia sido recuperado até esta terça-feira (6).

O roubo ocorreu na tarde do dia 25 de julho e teve a participação de criminosos disfarçados de policiais federais que, inclusive, usaram duas caminhonetes clonadas da Polícia Federal. Com ajuda de uma empilhadeira, eles colocaram a carga de ouro em uma caminhonete e fugiram.

Os investigadores estimam que a quadrilha tenha gasto quase R$ 1 milhão para levar a cabo o roubo, inclusive para aquisição de ao menos sete veículos, entre eles duas caminhonetes blindadas que foram utilizadas pelos criminosos por apenas poucos minutos da fuga.

Toda a ação durou dois minutos e meio e foi filmada por câmeras de segurança. Os policiais apuram ainda se a quadrilha tinha um comprador para o ouro antes de executar o plano.

No início das investigações, a polícia se concentrou em descobrir qual teria sido o funcionário do aeroporto (ou da empresa de transporte de valores) responsável pelo vazamento de informações privilegiadas.

A polícia tinha certeza de que havia esse colaborador (ou colaboradores), porque os bandidos não tinham como obter tantos detalhes precisos sobre a carga, como o dia e horário.

Segundo a Folha apurou, as suspeitas começaram a recair sobre o funcionário Peterson Patrício após uma série de contradições na versão contada por ele. Ele alegava inicialmente, logo após o roubo, que tinha colaborado com o grupo porque a família dele havia sido feita refém.

Dizia que os criminosos já tinham chegado com a informação da existência do ouro.

A polícia só não sabia que era o próprio Patrício essa pessoa quem estaria ajudando a quadrilha, até porque, segundo os colegas, era um funcionário exemplar.

Já no primeiro final de semana após o roubo, conforme reportagem da Folha, a cúpula da Polícia Civil considerava muito difícil reaver o ouro roubado. O material é facilmente derretido e vendido no mercado sem deixar indício de ser produto de crime. 

De acordo com o registro policial, todo o ouro estava dividido em 31 malotes. Vinte e quatro deles, pesando 565,5 quilos e avaliados em US$ 24,4 milhões, tinham como destino final o aeroporto JFK, em Nova York.

Os outros sete malotes, pesando 153,4 quilos e avaliados em US$ 4,8 milhões, tinham como local de desembarque o Aeroporto Internacional de Toronto, no Canadá.

Uma parte do ouro roubado pertencia a Kinross Paracatu, mineradora instalada em Minas, que faz parte de um grupo canadense. A origem do restante não foi revelada pela polícia, que ainda trabalha na investigação.​

 
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