Polícia de SP prende 17 suspeitos em operação na cracolândia, no centro de SP

Operação também apreendeu 21 kg de drogas, além de dinheiro e armas

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São Paulo

Dezessete pessoas foram presas e 21 kg de drogas apreendidos na manhã desta quinta (22) em nova operação policial de combate ao tráfico de drogas realizada na região da cracolândia, no centro de São Paulo. Esta é a sétima ação realizada no local desde 2015.

Batizada de “Redenção” e liderada por equipes do Denarc (divisão de narcóticos), a operação desta quinta contou com a participação de 560 agentes de segurança, entre policiais civis, militares e integrantes da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Foram usados carros e helicóptero.

Polícia aborda suspeitos na região da Cracolândia, no centro de SP
Polícia aborda suspeitos na região da Cracolândia, no centro de SP, na manhã desta quinta (22) - Rivaldo Gomes/Folhapress

De acordo com a polícia, não houve resistência por parte de usuários ou de traficantes, diferentemente do que ocorria anos atrás, quando o governo paulista fez uma série de ofensivas contra o tráfico, que chegou a implantar no local uma espécie de feira livre das drogas.

“Nenhuma [resistência]. Eles [traficantes] estão muito desorganizados agora, não têm mais aquela capacidade de resistir imediatamente. A postura dos nossos policiais foi pacífica, não retorquiram a nenhuma tentativa de agressão, e não houve ação de maior esforço por parte do nosso pessoal”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Pontes.

Segundo a polícia, a operação desencadeada nesta quinta é resultado de um trabalho de investigação que durou cerca de seis meses e identificou 21 suspeitos —cinco deles presos nesta quinta e outros quatro já detidas ao longo da investigação. Durante a operação, outras doze pessoas foram presas, sete em flagrante e cinco sob mandado.

Além de crack, foram apreendidas drogas como cocaína, maconha, haxixe e lança-perfume. Cerca de R$ 800 foram retidos com suspeitos, mais três armas e cinco telefones celulares que a polícia suspeita que contenham material que embasará novas investigações da polícia.

Parte das apreensões ocorreu em pensões da região central. “As pensões são hoje os alojamentos dos traficantes, e colaboram para que o tráfico seja reproduzido naquela região, que é um cenário muito triste para gente”, disse Fontes.

Ainda de acordo com o delegado-geral, a quantidade de drogas e de usuários no local reduziu ao longo dos anos, mas, não há um prazo para fechar a cracolândia.

“Diminuiu muito a presença do crime organizado lá dentro. Nós tínhamos, no passado, um fluxo de 1.500 a 2.000 pessoas, hoje ela gira em torno de 400 a 500 pessoas, e diminuiu muito a quantidade de droga armazenada para distribuir naquele local.”

Em 2017, durante uma megaoperação policial naquela região, o então prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), chegou a decretar o fim da cracolândia.

Para a Craco Resiste, coletivo que atua com intervenções artísticas na região, "a operação de hoje acontece após o fechamento da maior parte dos serviços de atendimento às pessoas com uso abusivo de droga e em situação de rua", segundo comunicado do grupo. 

"Há um esforço conjunto da Prefeitura e do Governo Estadual para esconder a aglomeração de gente pobre na região da Armênia", afirma a nota.

Segundo o delegado-geral Pontes, a polícia agiu "com o maior critério possível" para não criar embates no fluxo "que pudessem causar algum prejuízo aos dependentes [químicos] que ali se encontram.” 

“Nós só executamos a operação depois que a prefeitura disse que já tinha disponível todo o aparato de assistência para atendimento dessas pessoas. Obviamente se o Craco Resiste, e tem resistido há muito tempo ali, não se manifestasse, perderiam o emprego, né? Estão fazendo daquilo um emprego.”

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