Agricultor do PR transforma silo em réplica da nave Apollo 11

Aberto para visitação gratuita, o projeto com materiais recicláveis tem 16 m de altura

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Curitiba

Um agricultor abusou da criatividade para transformar um silo de grãos em uma réplica da Apollo 11, a nave espacial que levou o primeiro homem à Lua, em 1969. É em sua propriedade, a cerca de 20 km do centro de Paiçandu, norte do Paraná, que Jonas Lourenço Silva, de 64 anos, transformou o sonho de virar astronauta em um projeto para todo mundo ver.

A obra imponente pode ser vista até da rodovia próxima ao terreno e atrai dezenas de pessoas toda semana. São na maioria famílias que levam as crianças para terem uma ideia de como era a nave que levou o homem a dar um grande salto para a humanidade.

Um andaime leva o visitante até o topo da réplica, de cerca de 16 metros de altura —sete vezes menor que a original. A cabine é equipada com botões e adesivos que tornam a experiência interativa. “Não é só o visual, a pessoa tem que sentir, entrar na cabine”, explica o inventor.

Réplica da nave Apollo 11 no norte do Paraná
Réplica da nave Apollo 11 no norte do Paraná - Divulgação

Desde a viagem de Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins, o agricultor comemorava solitário a data anualmente. O medo era que o feito caísse no esquecimento. “Senti que ninguém sabia sobre isso, a memória iria se apagar”, conta sobre a motivação para o projeto.

Finalizada há poucos meses, exatamente 50 anos após o desembarque lunar, a nave recebe hoje cerca de 80 pessoas por dia, em finais de semana e feriados. A visitação é gratuita e faz crianças e adultos se sentirem astronautas por um dia.

“Sempre gostei de estudar o universo, sou apaixonado por altura, e o evento [da decolagem] me marcou muito”, conta Jonas que acompanhou a saga espacial pelo rádio, quando tinha 13 anos. O evento também influenciou sua formação posterior, como paraquedista e aviador civil.

Na composição da réplica, que demorou 15 anos para sair do papel, Jonas usou uma caixa d’água com capacidade para 30 mil litros, um silo agrícola, o motor de um caminhão e outros materiais reciclados, como uma forma de pudim para representar a lâmpada na ponta da nave. A base é de concreto e toda estrutura superior, metálica. Para ficar ainda mais fiel ao original, a nave foi pintada de branco e recebeu a bandeira dos Estados Unidos e a inscrição USA.

A demora tem motivos: além da procura por materiais que se encaixassem, o agricultor teve que contratar especialistas de diversas áreas para auxiliar no invento. “Tive que fazer um estudo das peças que garimpei para dar a ela o aspecto aerodinâmico”, explica.

Quem visita a propriedade não tem apenas a experiência lúdica. Jonas montou uma exposição de fotografias da época, que ele colecionou ao longo dos anos, para explicar a história da chegada do homem à Lua.

Além de ter criado uma atração turística para a cidade de cerca de 41 mil habitantes, Jonas fez do hobby um alento para os problemas do dia a dia. Sua esposa teve complicações no parto do único filho, hoje com seis anos. A família se desdobra para acompanhar a evolução da criança, que depende da ajuda de vários especialistas para se desenvolver.

“Foi uma fuga para mim diante de tanta revolta, de tudo que a gente passou. Construir a espaçonave foi uma forma de atrair a atenção e de diminuir a frustração”, finaliza.

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