Em clima tenso, cracolândia tem tiro em guarda e megaoperação policial

Projétil parou em escudo de agente; ação para buscar arma desviou veículos da avenida Rio Branco

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São Paulo

Em meio a um acirramento da tensão na cracolândia, um tiro contra um guarda desencadeou , na tarde desta terça-feira (10), uma megaoperação da GCM (Guarda Civil Metropolitana) naquela área do centro de São Paulo. 

Os arredores da Luz foram fechados para veículos, escoando linhas de corredor de ônibus da avenida Rio Branco para ruas paralelas. 

O atentado com arma de fogo aconteceu durante a manhã. O projétil parou no escudo do agente. O caso foi registrado no 77º Distrito Policial. 

À tarde, dezenas de agentes da GCM e da Polícia Militar cercaram as ruas onde os dependentes químicos costumam se aglomerar. Lá, começaram um processo de revista de cada um dos usuários de drogas, em busca da arma. 

A reportagem esteve no local e, por volta das 16h30, novas ocorrências de ataques não haviam sido registradas. 

A reportagem apurou que só nesta semana quatro agentes foram feridos, sendo três guardas e um policial militar, por pedras atiradas por pessoas na cracolândia. Uma guarda foi atingida no rosto e teve de passar por procedimento cirúrgico. 

Projétil disparado contra guarda metropolitano na cracolândia parou em escudo
Projétil disparado contra guarda metropolitano na cracolândia parou em escudo - Reprodução

Funcionários municipais que atuam na cracolândia enxergam os ataques como uma retaliação de traficantes pela tentativa da prefeitura de desarticular o chamado fluxo, encaminhando viciados em drogas para equipamentos em outras áreas. 

Usuários de drogas que frequentam a região da cracolândia, no centro de São Paulo, relatam avanço da pressão para deixarem o local. 

Desde junho, duas unidades de atendimento social da prefeitura, os Atendes, foram transferidas da região para perto da marginal Tietê, a 2,7 km de distância do fluxo.

No local foi iniciado um serviço híbrido de assistência social e de saúde, batizado de Siat (Serviço Integrado de Acolhimento Terapêutico). O Atende 2, na rua Helvétia, é o serviço remanescente mais próximo e também tem transferência prevista —sem data.

O Siat funciona em três etapas, diz Arthur Guerra, coordenador do programa municipal Redenção, para usuários de crack. A primeira é a abordagem por agentes sociais e de saúde para convencer o usuário a buscar tratamento.

A seguinte é o atendimento na unidade próxima à marginal Tietê, onde é oferecido acolhimento com banho, alimentação, corte de cabelo, atendimento de saúde e pernoite. Na terceira fase, o usuário pode residir por um período em um pensionato em Heliópolis (zona sul) ou na Vila Brasilândia (zona norte). Há ainda uma capacitação.

A cracolândia passa desde 2017 por uma transformação. Em maio daquele ano, uma operação policial do governo Geraldo Alckmin (PSDB) desobstruiu a feira de drogas na alameda Dino Bueno —e o então prefeito Doria declarou que a cracolândia acabara.

Na esteira, as gestões tucanas lançaram um projeto de revitalização da Luz e passaram a desapropriar imóveis.

Cinco prédios, parte de uma parceria público-privada de habitação popular, foram erguidos e receberam moradores. Outros estão previstos. 

No último dia 13, teve início também a obra da nova sede do hospital Pérola Byington.

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