Ex-companheiro é condenado a 28 anos de prisão por matar filhos e atear fogo na mulher

Caso Bárbara Penna tem julgamento seis anos depois de crime; idoso que tentou salvar crianças também morreu

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Porto Alegre

O homem que espancou e queimou Bárbara Penna, 24, foi condenado a 28 anos e quatro meses de prisão nesta quarta-feira (4), em Porto Alegre. Seu filho, de três meses, a filha dela, de dois anos, e um vizinho que tentou salvar as crianças morreram asfixiados no incêndio iniciado por ele. 

A condenação de João Guatimozin Moojen Neto, 28, ocorreu seis anos após os crimes, ocorridos em 2013. O julgamento, presidido pelo juiz Paulo Augusto Oliveira Irion, se iniciou na terça (3) e contou com um conselho de sentença formado por sete jurados (quatro mulheres e três homens). Ele não poderá recorrer em liberdade. 

Bárbara Penna em 2015, após ser alvo de ataque de ex-companheiro que resultou na morte de seus dois filhos
Bárbara Penna em 2015, após ser alvo de ataque de ex-companheiro que resultou na morte de seus dois filhos - Jefferson Botega - 16.dez.15/Agência RBS/Folhapress

Moojen Neto respondeu por um homicídio qualificado tentado, com recurso que dificultou defesa da vítima, e por três homicídios qualificados consumados.

Penna precisou passar por ao menos 224 cirurgias após o ataque. Ela ficou cerca de dois meses em coma e só soube que os filhos tinham morrido pouco antes de receber alta do hospital. 

“Quando perguntei, me disseram que eles estavam bem. Achei que logo os veria, por isso sobrevivi. Se tivessem me falado antes, não teria forças”, contou ela à Folha em entrevista em 2016, quando passou a atuar contra a violência doméstica que vitima mulheres. 

A defensora pública Tatiana Kosby Boeira, que fez a defesa de Moojen Neto, alegou que ele tinha problemas psiquiátricos e era usuário de drogas. Ao ser interrogado pela advogada, o homem negou que tivesse jogado a mulher pela janela e disse que não sabia que as crianças estavam no apartamento.

Porém, em depoimento ainda no hospital após o caso, o homem confessou os crimes. Vídeo da confissão foi exibida em um telão durante o julgamento.

O réu chorou quando o promotor José Eduardo Coelho Corsini mostrou as fotos das crianças aos jurados e disse que Moojen Neto “não se lembrou de salvar os filhos” do incêndio causado por ele. 

“Ele me obrigou a deitar de bruços e sentou nas minhas costas. Puxava minha cabeça para quebrar meu pescoço. Desmaiei e acordei com o calor. Ele jogou álcool na minha cara e riscou o fósforo”, contou Penna em 2016. 

Neste ano, outros casos emblemáticos de violência contra a mulher terminaram com a condenação dos agressores. Em Campo Grande, Luís Alberto Barros, 30, que matou Mayara Amaral, 27, a marteladas em um motel, foi condenado a 27 anos de prisão. Ele ainda levou bens da vítima para revender. Em Cuiabá, Jair da Costa foi condenado a 15 anos de prisão por decepar as mãos da ex-mulher.

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