Moradores de comunidades se revoltam com a polícia e fecham ruas no Rio

Pedreiro morreu baleado durante patrulhamento da PM na Vila Kennedy; na Cidade de Deus, caveirão destruiu barracos

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Rio de Janeiro

Moradores de duas comunidades da zona oeste do Rio de Janeiro se revoltaram com a polícia nesta terça-feira (3) e, em protesto, fecharam vias próximas à Vila Kennedy e à Cidade de Deus. 

No início da manhã, na Cidade de Deus, um veículo blindado da Polícia Militar (conhecido como caveirão) passou por um estreito beco da comunidade destruindo parte de sete residências e arrancando fios elétricos. Segundo moradores, havia pessoas dentro das casas.

Como resposta, os moradores interditaram a rua Edgard Werneck, uma das principais da região, durante cerca de duas horas. Ônibus foram utilizados para bloquear o trânsito, atravessados na via. Os manifestantes também atearam fogo em pilhas de lixo.

Segundo relatos, as casas estavam em processo de regularização na Prefeitura. A reportagem conversou com uma moradora, que disse que o cadastramento já foi realizado e que agora os moradores aguardam decisão da Prefeitura sobre a permanência ou a mudança das famílias da região.

O caso aconteceu na área do Brejo, uma das mais pobres da Cidade de Deus. 

Em nota, a Polícia Militar disse que o veículo ficou preso em fios elétricos e que dois policiais desembarcaram para retirá-los com segurança. Na saída, segundo a corporação, o blindado teria se chocado contra algumas moradias.

A PM também afirmou que entrará em contato com os moradores e que irá ressarcir os danos provocados pela passagem do caveirão.

Também pela manhã, durante patrulhamento da Polícia Militar, um pedreiro foi morto baleado enquanto trabalhava em uma laje na Vila Kennedy.

Logo após a morte, um homem para o qual José Pio Baia Júnior, 45, prestava serviços fez uma gravação ao vivo em uma rede social, muito emocionado. Ele mostrou o corpo do trabalhador morto na laje e responsabilizou a polícia pelo ocorrido.

"Acabaram de matar um trabalhador aqui em cima da minha laje, o cara botando a laje [...] Poxa, o cara trabalhando, policial atirou. Não tinha ninguém, só policial dando tiro. É impressionante como a gente está sofrendo aqui na Vila Kennedy", disse.

Em protesto, moradores chegaram a fechar os dois sentidos da avenida Brasil, uma das principais da cidade, por cerca de duas horas. Eles também atearam fogo a um ônibus.

Em nota, a PM informou que instaurou um inquérito policial militar para apurar o fato. A corporação não respondeu se algum agente foi afastado.

Segundo a Polícia Militar, policiais do 14ª BPM foram atacados por criminosos enquanto realizavam operação contra roubo de carga e veículos na avenida Brasil. "Houve um breve confronto e os policiais regressaram à companhia", diz o texto.

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a morte. Testemunhas, familiares e policiais militares foram ouvidos e as armas dos agentes foram apreendidas.  

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