Abraçar a causa dos direitos humanos quase custou a vida do Omana Kasongo Ngandu —conhecido como Omana Petench—, quando o ativista, que lutou em defesa de mulheres e crianças das diversas formas de violação em sua terra natal, vivia na República Democrática do Congo, onde nasceu.
Lá, formou-se em letras e cultura africana pela Universidade Nacional de Pedagogia de Kinshasa e atuou como professor universitário.
Após o doutorado em direitos humanos, tornou-se ativista e fundou uma ONG.
Por causa do trabalho, foi preso, torturado e teve a filha mais velha assassinada. Em 2013, graças a ajuda de um médico brasileiro, buscou refúgio em São Paulo.
Após três anos e meio, tirou a família de um campo de refugiados no Quênia e a trouxe para a capital paulista.
Passou por alguns empregos, mas como sentia falta do engajamento em projetos sociais, se envolveu com algumas ONGs até fundar a Mungazi, em 2015.
A sede funciona na garagem da casa em que morou, na Vila Matilde (zona leste). “A Mungazi era a vida dele. Acolhia a todos e quando necessário se mobilizava para ajudar algum refugiado em situação crítica”, conta a coordenadora da ONG, Gabriela Cotta Pereira, 23.
Símbolo de resistência, preservava a alegria mesmo passando por dissabores. “Ele dizia que todo acontecimento ruim o remetia às situações vividas no Congo e por isso nunca permitiria que coisas menores tirassem o seu sorriso”, diz Pereira.
Omana Kasongo Ngandu morreu dia 18 de setembro, aos 53 anos, por problemas no fígado. Deixa esposa
e cinco filhos.
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