Uma mulher forte, independente, que criou quatro filhos praticamente sozinha. É assim que o tatuador Micael Sonnenschein Faccio, 42, descreve a mãe, a fotógrafa, ilustradora e cineasta Marjorie Sonnenschein.
Neta de judeus austríacos, Sonnenschein nasceu em Fortaleza (CE), em 1944, e mudou-se para São Paulo no final dos anos 1950.
Passou pela ilustração, pela pintura e pelo cinema, mas fixou-se na fotografia.
Como ilustradora, colaborou com revistas e jornais impressos. No cinema, dirigiu o curta-metragem “O Castelo do Morro dos Ingleses” —uma adaptação do conto “Casa Tomada” de Julio Cortázar—, que integra o acervo da Cinemateca Brasileira.
“Minha mãe usava a arte como fonte de alegria e também para se comunicar com o mundo”, diz Faccio.
Desde que recebeu o diagnóstico de câncer no pulmão, há dois anos, ele não saiu de perto de quem considerava a melhor amiga.
“O que sou como artista devo a ela. Minha mãe amava a família. Ela gostava de curtir os filhos e as netas quando não estava mergulhada nas suas fotos”, afirma.
Sonnenschein dizia que o trabalho de um artista só termina ao fechar os olhos. Foram 45 anos de fotografia e um acervo com 100 mil imagens, entre elas fotos de personalidades como Elis Regina, Adoniran Barbosa, Pelé, Chico Xavier, Paulo Goulart e Nicete Bruno, entre outras.
Era considerada por muitos a mais “maldita” fotógrafa brasileira, por não gostar de se expor. “Apesar das relevantes obras, fugia dos holofotes e de grandes exposições”, diz Faccio.
Marjorie morreu no dia 20 de setembro, aos 75 anos, de câncer. Divorciada, deixa quatro filhos e duas netas.
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