Queda de meteoro gera clarão e estrondo, assustando moradores do noroeste do PR

Moradores de várias cidades num raio de 50 quilômetros acordaram com o fenômeno, que ocorreu na madrugada de sexta-feira

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Curitiba

Um forte clarão acompanhado de um estrondo rasgou o céu no noroeste do Paraná e assustou moradores da região, na última sexta-feira (13).

O inusitado fenômeno foi a queda de meteoro, que se chocou com a atmosfera terrestre liberando energia e iluminando o céu no meio da noite.

O barulho acordou moradores das cidades de Cianorte, Paranavaí, Londrina e Maringá, entre outras num raio de 50 km.

Vários entraram em contato com o Instituto Meteorológico Simepar para relatar o fenômeno, que ocorreu por volta das 5h30.

 
Meteoro cai no noroeste do Paraná
Meteoro cai no noroeste do Paraná - Reprodução/Exoss

Pelo Twitter, o órgão explicou que não se tratava de um raio, mas que não possui equipamentos para identificar o fenômeno.

“Uma luz muito forte quase como o sol”, escreveu uma pessoa que assistiu ao episódio em Douradina. O registro está no site do projeto EXOSS, especializado em astronomia. Imagens de câmeras de segurança também acompanham alguns dos 12 relatos que vieram da região.

A organização confirma que as pessoas presenciaram um bólido, ou seja, fenômeno de luz emitida por um grande meteoroide ou asteroide quando explode na atmosfera.

Com base nos relatos e vídeos, os pesquisadores conseguiram traçar uma trajetória preliminar do meteoro: foi de sul para o norte e teve como ponto de impacto final a cidade de Japurá, a cerca de 530 quilômetros da capital paranaense, Curitiba.

Eles ainda acreditam que o acontecimento gerou meteoritos, fragmentos de pedra que sobrevivem à passagem pela Terra e conseguem atingir o solo.

O astrônomo Eduardo Plácido Santiago, co-fundador do projeto EXOSS, conta que ainda não é possível obter dados mais específicos, como as medidas do fragmento. Mas, já descarta a possibilidade de se tratar de um cometa, que teria consistência menos densa que a observada.

Santiago explica que o que o fenômeno paranaense tem de diferente de uma simples estrela cadente é o tamanho da pedra. “A maioria delas é do tamanho de um grão de arroz, mas quando a gente registra uma do tamanho de uma melancia, é um evento atípico”, explica.

Ele compara a reação que o meteoro tem quando atinge a atmosfera terrestre com uma pessoa que coloca o braço para fora da janela do carro para sentir o vento.

“Com uma velocidade altíssima, ocorre a ablação, ou seja, o vento vai literalmente queimar na sua mão, já que a energia é dissipada em forma de luz e calor”, explica. “Por isso as pessoas sentiram o estrondo e até as janelas tremendo”, observa o astrônomo sobre o episódio.

Mesmo em uma sexta-feira 13, não é para sentir medo de pedras caindo do céu, afirma o especialista. “Eventos como esse ocorrem todos os dias no mundo inteiro, mas as pessoas geralmente não acompanham, por isso se assustam. As pessoas têm que se preocupar mais em ser atingidas por raios do que meteoros”, diz Santiago.

O trabalho da instituição agora é de encontrar mais imagens e relatos do meteoro paranaense para traçar as características, trajetória e destino final da pedra com riqueza de detalhes.

"Fui dormir 4h30 esta noite tentando fazer o que a ferramenta faria em poucos minutos com mais registros das pessoas", explica.

O projeto possui câmeras espalhadas pelo Brasil, mas depende mesmo do olhar de curiosos sobre o céu.

Só neste ano, o EXOSS registrou outros nove fenômenos parecidos com o do Paraná em todo o o país. Todos eles tiveram o mínimo de cinco relatos de observadores.

“Não dá para ter uma cobertura 100% do céu. Os eventos menores acabam passando. Mas é preciso desenvolver tecnologias para evitar impactos”, finaliza.

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