Tumulto na cracolândia provoca correria e bloqueia avenida no centro de SP

Segundo órgãos oficiais, agentes lançaram bombas de efeito moral após três serem atingidos

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São Paulo

Um tumulto na região da cracolândia, no centro de São Paulo, provocou correria e levou a Polícia Militar a fechar a avenida Duque de Caxias na altura da avenida Rio Branco.

O bloqueio ocorreu por volta das 16h, em meio à mobilização de motoristas e cobradores que travou corredores e terminais de ônibus, como o Princesa Isabel, a poucos metros dali.

Guardas civis na região da rua Helvétia (Campos Elíseos)
Guardas civis na região da cracolândia, no centro de São Paulo, após tumulto - Fabrício Lobel/Folhapress

Segundo testemunhas, a confusão entre usuários e agentes de segurança começou após a operação de limpeza das barracas que ficam na rua. Segundo a Prefeitura de São Paulo e a Polícia Militar, três agentes foram atingidos por objetos atirados pelos dependentes químicos durante a limpeza.

Um segurança particular que trabalha na região relatou que a confusão teve início após um guarda civil ser ferido durante a ação de zeladoria.

A prefeitura afirma que os guardas foram levados para o pronto-socorro e da Santa Casa e registraram boletim de ocorrência após liberados.

Por sua vez, a Polícia Militar, do governo João Doria (PSDB), afirma que um PM foi atingido de raspão na cabeça por uma pedra. O policial foi atendido no Corpo de Bombeiros da rua Barão de Piracicaba.

Não há informação de moradores de rua e dependentes químicos feridos durante o tumulto.

A PM afirma ter sido acionada para prestar apoio à ação da GCM. Cerca de dez estrondos de bombas de efeito moral foram ouvidos. Uma fogueira bloqueou o acesso à rua Helvétia, e viaturas passavam em alta velocidade pela região.

O fluxo, como é conhecida a aglomeração de usuários, ainda interditava com barracas o trecho da alameda Dino Bueno entre a rua Helvétia e o largo Coração de Jesus por volta das 17h20.

Uma moradora da área, que aguardava o fim da confusão para poder seguir caminho, se disse contra a repressão policial. "Eles não percebem que é um povo tudo doente, que tá precisando de ajuda?", disse a mulher, que não quis se identificar. "Bandido que é bandido não está aí dentro, isso aí são tudo uns pobres coitados que estão morrendo na mão do capeta", prosseguiu.

Em nota, o coletivo de direitos humanos A Craco Resiste, que atua na região, afirmou que "cada vez mais, a pancadaria se torna a única coisa oferecida pelo poder público a essa população em situação de vulnerabilidade".

Como a Folha mostrou na semana passada, há um avanço da pressão para que os usuários de drogas deixem o local. 

Somados às recentes obras urbanas na área e à transferência de unidades de atendimento, os depoimentos ouvidos pela reportagem apontam intensificação da violência policial contra dependentes químicos e moradores de rua.

As afirmações são feitas por moradores, assistentes sociais, urbanistas e ativistas. Tanto a Polícia Militar,  como a Guarda Civil, sob Bruno Covas (ambos do PSDB), negam qualquer mudança de diretriz na conduta para o quadrilátero.

Muitos dos confrontos na área ocorrem durante ações cotidianas, como as de limpeza.

A cracolândia passa desde 2017 por uma transformação. Em maio daquele ano, uma operação policial do governo Geraldo Alckmin (PSDB) desobstruiu a feira de drogas na alameda Dino Bueno —e o então prefeito Doria declarou que a cracolândia acabara.

Na esteira, as gestões tucanas lançaram um projeto de revitalização da Luz e passaram a desapropriar imóveis.

Cinco prédios, parte de uma parceria público-privada de habitação popular, foram erguidos e receberam moradores. Outros estão previstos. 

No último dia 13, teve início também a obra da nova sede do hospital Pérola Byington.

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