Covas grava vídeo com filho e diz que vencerá câncer sem deixar SP em 2º plano

Sem se licenciar do cargo, tucano passa pela 1ª sessão de quimioterapia nesta terça

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São Paulo

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), publicou nas redes sociais um vídeo em que aparece acompanhado de seu filho, Tomás, 14, durante a primeira sessão de quimioterapia do tratamento de câncer, iniciado nesta terça-feira (29) no hospital Sírio-Libanês, na capital.

No vídeo, o tucano afirma que "a cidade não pode parar, a cidade não tem como ficar em segundo plano" e que tem certeza de que conseguirá vencer o câncer e continuar a governar a cidade.

"Hoje mesmo tive reunião com os secretários municipais, despachei aqui do hospital mesmo. Enfim, é vida
que segue, colocando não apenas a minha saúde, mas a cidade de São Paulo em primeiro lugar", diz Covas, que também agradeceu as centenas mensagens que tem recebido.

Mais cedo, na tarde desta terça-feira (29), Covas postou foto de despachos com secretários realizados presencialmente no hospital. O primeiro foi com os secretários de Governo, Mauro Ricardo, e da Fazenda, Philippe Duchateau. Depois, ele teve reunião com o titular da pasta de comunicação, Marco Antonio Sabino. Ele também se encontrou com o chefe de gabinete, Vitor Sampaio, e tinha reunião prevista com o secretário-executivo Gustavo Pires.​

Covas, 39, recebeu diagnóstico de câncer no trato digestivo com metástase na segunda-feira (28) e terá que passar, inicialmente, por três sessões de quimioterapia, com duração de 30 horas cada uma.

O prefeito não deve se afastar do cargo a princípio. Aos médicos, ele disse que tem a responsabilidade de ficar no comando da prefeitura enquanto possível e que terá a responsabilidade de deixar o cargo se precisar.

O adenocarcinoma está localizado em um esfíncter na junção entre o esôfago e o estômago —chamado cárdia—, e expandiu-se para lesões no fígado e nos linfonodos. De acordo com a equipe médica, há apenas uma metástase no fígado.

O infectologista David Uip, que monitora o tratamento, definiu como um "achado de sorte" o fato de terem encontrado o câncer após exames para investigar caso de tromboembolismo nos pulmões de Covas.

Questionados sobre a agressividade do câncer, médicos afirmaram que o fato de um tumor pequeno ter comprometido outro órgão mostra que se trata de uma manifestação sorrateira da doença.

"Não existe um ranking de agressivo ou não para tumores. Podemos dizer que a doença foi algo traiçoeira. Não trouxe nenhum sintoma local. A primeira manifestação foi a trombose. Do ponto de vista sistêmico, a doença está localizada", afirmou Artur Katz, oncologista do Sírio-Libanês.

A equipe que acompanha Covas conta também com David Uip, o cardiologista Roberto Kalil Filho, os oncologistas Túlio Pfiffer e o cirurgião gástrico Raul Cutait.

REUNIÃO

Nesta terça, por determinação de Covas, os secretários municipais reuniram-se na prefeitura para receber orientações. Na reunião foi exibido um vídeo enviado pelo prefeito, do hospital, no qual ele diz que é para o trabalho continuar da mesma forma, em ritmo acelerado, e que ele superará a doença.

O tom da gravação é de otimismo, com instruções para que os trabalhos permaneçam no mesmo ritmo de antes do diagnóstico. 

De acordo com pessoas presentes, o clima entre o secretariado era de união neste momento. 

secretário da Casa Civil, Orlando Faria, publicou imagem da reunião do secretariado.

"Hoje o prefeito convocou uma reunião de secretários para dar as orientações e determinações relativas às atividades do dia a dia da administração, reforçando que independente do momento vivido por ele, a cidade deve continuar sendo bem cuidada e os projetos andarão como planejado e sob seu acompanhamento diário", escreveu.

O secretário de Habitação, João Farias, publicou nas redes sociais que a conversa foi conduzida pelo prefeito.

"Ele nos deixou a mensagem de que o planejamento e o cronograma das ações continuam os mesmos. Temos inaugurações de conjuntos habitacionais, inúmeras entregas de títulos de regularização e projetos importantes para colocarmos em prática."

Secretário de Cultura, Alê Youssef classificou o encontro como uma demonstração de força, unidade e comando.

DIAGNÓSTICO

Covas tem procurado cuidados médicos desde sábado (19), quando se sentiu mal, passou pelo pronto-socorro do hospital Albert Einstein e começou a fazer tratamento com antibióticos.

Como o resultado não foi o esperado, ele se dirigiu ao Sírio-Libanês na quarta-feira (23), quando recebeu o diagnóstico de erisipela na perna direita.

A erisipela consiste em infecção de pele causada por bactérias que penetram através de pequenos ferimentos, como picadas de inseto, frieiras e micoses. Por recomendação de David Uip, foi internado.

Entre o dia 19 e a internação, Covas resistiu à recomendação de desacelerar o dia a dia na prefeitura. O prefeito manteve a rotina, despachando e participando de atos públicos.

Um dos últimos compromissos dele aconteceu na quarta-feira (23), quando participou de ato de sanção de alteração de lei relacionada ao Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano) que permitirá à prefeitura o lançamento de um programa habitacional para a parcela da população que ficou sem alternativas após os cortes anunciados pelo governo federal no Minha Casa Minha Vida. 

No dia da internação, a perna do prefeito estava inflamada, e a panturrilha dura, o que sugeria uma trombose venosa profunda, confirmada por uma tomografia.

Exames posteriores diagnosticaram um tromboembolismo nos dois pulmões —quando um coágulo se desloca de alguma região do corpo para o pulmão. 

Após um exame pet scan, veio o diagnóstico de um tumor no sistema digestivo no domingo (27).

A descoberta surpreendeu a equipe médica, porque o prefeito em nenhum momento apresentou sintomas clássicos de um câncer no aparelho digestivo, como perda de peso (ele mantém o peso há dois anos).

Covas cuida da saúde, faz academia cinco vezes por semana e não tem histórico familiar de câncer nessa região. O avô dele, Mario Covas, ex-governador de São Paulo, morreu em 2001 em decorrência de um câncer na bexiga.​

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