Covas passa pela 1ª sessão de quimio e envia vídeo de incentivo a secretários

Tucano inicia tratamento após receber diagnóstico de câncer no sistema digestivo

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São Paulo

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), passou pela primeira sessão de quimioterapia na manhã desta terça-feira (29), no hospital Sírio-Libanês, na capital. Na véspera, o tucano recebera o diagnóstico de câncer no sistema digestivo com metástase no fígado.

Covas decidiu, por ora, não se licenciar do cargo.

Essa foi a primeira de uma série de três sessões de quimioterapia pelas quais passará Covas nas próximas semanas. Ela começou às 9h e deve durar 30 horas. 

O prefeito deve continuar internado pelo menos até sexta-feira (1º) porque também trata de tromboembolia nos pulmões. Segundo os médicos, o prefeito não precisará ficar internado nas próximas duas sessões.

Nesta terça, por determinação de Covas, os secretários municipais reuniram-se na prefeitura para receber orientações. Na reunião foi exibido um vídeo enviado pelo prefeito, do hospital, no qual ele diz que é para o trabalho continuar da mesma forma, em ritmo acelerado, e que ele superará a doença.

O tom da gravação é de otimismo, com instruções para que os trabalhos permaneçam no mesmo ritmo de antes do diagnóstico. 

De acordo com pessoas presentes, o clima entre o secretariado era de união neste momento. 

O secretário da Casa Civil, Orlando Faria, publicou imagem da reunião do secretariado.

"Hoje o prefeito convocou uma reunião de secretários para dar as orientações e determinações relativas às atividades do dia a dia da administração, reforçando que independente do momento vivido por ele, a cidade deve continuar sendo bem cuidada e os projetos andarão como planejado e sob seu acompanhamento diário", escreveu.

O secretário de Habitação, João Farias, publicou nas redes sociais que a conversa foi conduzida pelo prefeito.

"Ele nos deixou a mensagem de que o planejamento e o cronograma das ações continuam os mesmos. Temos inaugurações de conjuntos habitacionais, inúmeras entregas de títulos de regularização e projetos importantes para colocarmos em prática."

Secretário de Cultura, Alê Youssef classificou o encontro como uma demonstração de força, unidade e comando.

Na tarde desta terça-feira (29), Covas tem quatro despachos com secretários que serão realizados presencialmente no hospital. O primeiro deles será às 14h, com os secretários de Governo, Mauro Ricardo, e da Fazenda, Philippe Duchateau. 

Meia hora depois, ele se encontrará com o titular da pasta de Comunicação, Marco Antonio Sabino. Há ainda despachos com o chefe de gabinete, Vitor Sampaio, e o secretário-executivo Gustavo Pires.

Covas não deve se afastar do cargo a princípio. Aos médicos, ele disse que tem a responsabilidade de ficar no comando da prefeitura o quanto for possível, mas que também terá a responsabilidade de deixar o cargo se isso for necessário.

“Não tenho dúvidas de que vou vencer esse desafio. Quero agradecer as centenas de mensagens que tenho recebido de inúmeras pessoas. Ajuda muito a atravessar a tempestade”, escreveu o prefeito em suas redes sociais. 

O câncer de Covas é um adenocarcinoma (formado a partir de células de glândulas ou secretórias), e está localizado na junção entre o esôfago e o estômago —chamado cárdia. O tumor, até então assintomático, expandiu-se e causou lesões no fígado e nos linfonodos. De acordo com a equipe médica, há apenas uma metástase no fígado.

A equipe que acompanha Covas conta com o infectologista David Uip, o cardiologista Roberto Kalil Filho, os oncologistas Túlio Pfiffer, Artur Katz e o cirurgião gástrico Raul Cutait.

DIAGNÓSTICO

Covas tem procurado cuidados médicos desde sábado (19), quando se sentiu mal, passou pelo pronto-socorro do hospital Albert Einstein e começou a fazer tratamento com antibióticos.

Como o resultado não foi o esperado, ele se dirigiu ao Sírio-Libanês na quarta-feira (23), quando recebeu o diagnóstico de erisipela na perna direita.

A erisipela consiste em infecção de pele causada por bactérias que penetram através de pequenos ferimentos, como picadas de inseto, frieiras e micoses. Por recomendação de David Uip, foi internado.

Entre o dia 19 e a internação, Covas resistiu à recomendação de desacelerar o dia a dia na prefeitura. O prefeito manteve a rotina, despachando e participando de atos públicos.

Um dos últimos compromissos dele aconteceu na quarta-feira (23), quando participou de ato de sanção de alteração de lei relacionada ao Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano) que permitirá à prefeitura o lançamento de um programa habitacional para a parcela da população que ficou sem alternativas após os cortes anunciados pelo governo federal no Minha Casa Minha Vida. 

No dia da internação, a perna do prefeito estava inflamada, e a panturrilha dura, o que sugeria uma trombose venosa profunda, confirmada por uma tomografia.

Exames posteriores diagnosticaram um tromboembolismo nos dois pulmões —quando um coágulo se desloca de alguma região do corpo para o pulmão. 

Após um exame pet scan, veio o diagnóstico de um tumor no sistema digestivo no domingo (27).

A descoberta surpreendeu a equipe médica, porque o prefeito em nenhum momento apresentou sintomas clássicos de um câncer no aparelho digestivo, como perda de peso (ele mantém o peso há dois anos).

Covas cuida da saúde, faz academia cinco vezes por semana e não tem histórico familiar de câncer nessa região. O avô dele, Mario Covas, ex-governador de São Paulo, morreu em 2001 em decorrência de um câncer na bexiga.​

A jornada do paciente Bruno Covas

19.out
Bruno Covas, 39, sentiu-se mal e foi para o Hospital Israelita Albert Einstein, e deu início a um tratamento com antibióticos.

23.out
O prefeito foi para o Hospital Sírio-Libanês com um quadro de erisipela, uma doença infecciosa, em sua perna direita.

25.out
Foi detectada uma trombose venosa no membro. Novos exames detectaram tromboembolismo pulmonar, quando o coágulo atinge o órgão e impede a circulação sanguínea adequada. 

Com um exame conhecido como pet scan (tomografia por emissão de pósitrons), foram detectados tumores no trato gastrintestina.

27 e 28.out
Após investigação mais detalhada, por meio de cirurgia laparoscópica (minimamente invasiva) e endoscopia, observou-se que o câncer já havia comprometido linfonodos e que havia uma metástase no fígado.

Tratamento

  • A primeira etapa será feita com três sessões de quimioterapia. a primeira foi realizada nesta terça (29), com uma infusão ao longo de 30 horas contínuas
  • A ideia é destruir células cancerosas, tanto no local de origem quanto em outros órgãos e tecidos onde possam ter se instalado
  • A depender da resposta, é possível que seja realizada uma cirurgia para retirada do que remanescer das lesões; também pode haver novas sessões de quimioterapia

O prefeito ainda está em tratamento do tromboembolismo

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