A vacina DTP —também conhecida como tríplice bacteriana, que protege contra difteria, tétano e coqueluche— e a pentavalente, que imuniza contra as mesmas doenças, além da hepatite B e da bactéria Haemophilus influenzae tipo B (responsável por infecções no nariz, meninge e na garganta), estão em falta no país.
Na DTP, o primeiro reforço é dado aos 15 meses e o segundo entre 4 e 6 anos de idade. No caso da pentavalente, a imunização acontece após a aplicação de três doses, aos dois, quatro e seis meses de vida. O esquema vacinal completo garante a proteção contra as doenças até os 39 anos de idade, pelo menos.
Segundo o Ministério da Saúde, a vacina pentavalente, adquirida por intermédio da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), foi reprovada em teste de qualidade feitos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Por este motivo, a OMS (Organização Mundial da Saúde) interrompeu as compras do antigo fornecedor, a indiana Biologicals E. Limited.
A pasta solicitou a reposição do fornecimento à Opas, mas não há disponibilidade imediata da vacina pentavalente no mundo.
Desde agosto, 6,6 milhões de doses começaram a chegar de forma escalonada no Brasil. A previsão é de que o abastecimento volte ao normal a partir de novembro.
Quanto à vacina DTP, o órgão diz que houve problemas com a conservação das vacinas durante a distribuição. A Anvisa aguarda parecer da Opas para avaliar a liberação do produto. Assim que as doses estiverem disponíveis, a situação será regularizada.
Atualmente, há doses suficientes para a realização de bloqueios vacinais, caso surtos inesperados apareçam, segundo o ministério.
De acordo com o Ministério da Saúde, neste ano não houve casos de difteria no Brasil. A doença voltou a ser uma preocupação na América Latina porque o Haiti e a Venezuela enfrentam surtos desde 2014 e 2016, respectivamente.
Segundo a Opas, desde 2014 até a metade deste ano o Haiti notificou 870 casos prováveis, 281 confirmados e 110 mortes. De 2016 até julho deste ano, na Venezuela foram registrados 2.956 casos suspeitos, dos quais 1.726 se confirmaram e 287 resultaram em mortes.
Lely Guzman, especialista em imunização da Opas, ressalta que a difteria é uma doença considerada controlada nas Américas. “Mas é um controlado entre aspas, porque a situação de Haiti e Venezuela acende um alerta para a região e os países que fazem fronteira, como a Colômbia, o Brasil e a República Dominicana. As populações não vacinadas estão vulneráveis a surtos de difteria.”
O ideal é que os pais evitem deixar os filhos expostos em aglomerações se o esquema vacinal deles estiver incompleto. O SUS diz que fará busca ativa pelas crianças não vacinadas quando os estoques forem normalizados.
Outras duas vacinas preconizadas no Calendário Nacional de Imunização também protegem contra a difteria: a dT (Dupla Adulto), cujo reforço deve ser ministrado a cada dez anos, e a dTpa (Tríplice Bacteriana acelular do tipo adulto), exclusiva para gestantes e puérperas —recomenda-se a aplicação de uma dose a cada gestação a partir da 20ª semana ou no puerpério, ou seja, até 45 dias após o parto. Para profissionais de saúde, é recomendada uma dose extra após cinco anos da última vacinação.
O infectologista do Sabará Hospital Infantil, Francisco Ivanildo Oliveira Júnior, alerta que a dT até pode ser ministrada a crianças, mas que o componente de imunização para difteria é menor nesta vacina. Além disso, a dT não oferece a proteção contra a coqueluche.
A Opas recomenda que adultos que estiverem há mais de cinco anos sem serem vacinados contra a difteria e que viajarão para onde há surtos tomem uma dose de reforço da vacina.
Na sexta-feira (4), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou o repasse de um recurso adicional para incentivar a vacinação de crianças contra o sarampo.
O aporte financeiro está condicionado ao cumprimento de duas metas. Uma delas obriga os municípios a informarem mensalmente o estoque das vacinas poliomielite, tríplice viral (que protege contra sarampo, rubéola e sarampo) e pentavalente.
Vacinas que protegem contra difteria
Em falta
Pentavalente
Previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e bactéria Haemophilus influenzae tipo B (responsável por infecções no nariz, meninge e na garganta)
São ministradas 3 doses, aos dois, quatro e seis meses
DTP ou Tríplice Bacteriana
Previne difteria, tétano e coqueluche
1º reforço aos 15 meses
2º entre quatro e seis anos
Disponíveis
dT (Dupla Adulto)
Previne difteria e tétano
Reforço deve ser ministrado a cada dez anos
dTpa (Tríplice Bacteriana acelular do tipo adulto)
Previne difteria, tétano e coqueluche
Exclusiva para gestantes e puérperas
Uma dose a cada gestação a partir da 20ª semana ou no puerpério, ou seja, até 45 dias após o parto
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