Empresas desembolsam R$ 2,7 mi para reformar escola em que houve massacre em SP

Escola Raul Brasil, em Suzano, vai ganhar novas salas e amplo espaço de convivência

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São Paulo

Um conglomerado de dez empresas vai investir aproximadamente R$ 2,7 milhões na reforma e na revitalização da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (Grande São Paulo).

O anúncio foi feito nesta quarta-feira (23) por Rossieli Soares, secretário da Educação da gestão João Doria (PSDB).

O primeiro esboço do projeto arquitetônico, divulgado com exclusividade pela Folha, sofreu alterações após críticas de pais e alunos da escola.

Na nova Raul Brasil, ficou de fora, por exemplo, o anfiteatro, espaço que seria usado como sede dos eventos culturais do colégio.

A reforma contempla a demolição dos prédios do Centro de Línguas e do caseiro, que darão lugar a novas salas, banheiros, cantina e uma ampla área de convivência arborizada para a prática de esportes e aulas ao ar livre, além de um bicicletário.

No espaço onde hoje se encontra a secretaria será erguido um laboratório "maker", equipado com 24 notebooks, aparelho de TV e impressora 3D. A entrada do colégio também será alterada.

A Raul Brasil ficou nacionalmente conhecida por ter sido palco de um massacre há sete meses.

No dia 13 de março, Guilherme Taucci, 17, e Luiz Henrique de Castro, 25, entraram no colégio armados e executaram o atentado no estilo dos ocorridos nos EUA.

Eles entraram na escola no intervalo das aulas e mataram a tiros cinco estudantes e duas funcionárias; antes de chegarem ao local, haviam matado um empresário, tio de Guilherme.

Depois do massacre, percebendo a chegada da polícia, Guilherme matou seu comparsa e se suicidou.

 

Desde o episódio, a gestão de Rossieli tenta colocar a escola de volta nos trilhos. Para o secretário, a obra será fundamental na melhoria do clima entre professores, alunos e gestores, ainda muito abalados pelas cenas de violência.

“O nosso maior desafio é ouvir mais aqueles jovens. Por isso, nós estamos ampliando os espaços de convivência da escola”, afirmou.

As obras deverão começar no dia 28 deste mês e têm prazo de conclusão previsto para março de 2020. Um memorial em lembrança às vítimas do massacre também será construído, mas seu esboço não foi apresentado aos jornalistas.

A parceria mais pop envolve o muralista Eduardo Kobra. Ele deverá pintar um desenho exclusivo numa das paredes da escola e será o responsável por ajudar os alunos na pintura do muro externo.

Até a conclusão das obras, os 2.300 estudantes —do ensino fundamental 2, do médio e do Centro de Línguas —, serão realocados para as salas do campus da Faculdade Piaget, distante cerca de 1 km da Raul Brasil.

A secretaria de Educação vai arcar apenas com o aluguel e custos de água e energia elétrica do campus —orçados em R$ 44 mil por mês.

Até março de 2020, quando o novo prédio da Raul Brasil será entregue, a secretaria de Educação disse que a estratégia de segurança feita em parceria com a Polícia Militar será deslocada para o entorno do campus da Faculdade Piaget.

A captação dos recursos para a reforma da Raul Brasil ficou sob o guarda-chuva do Instituto Ecofuturo, mantido pela Suzano, companhia do segmento de papel e celulose.

Além da Suzano, as empresas International Paper do Brasil, John Deere, Komatsu do Brasil, MRV Engenharia, Nadir Figueiredo, Paradise Golf Resort de Mogi, PCN Suzano, Qualical e a Sanofi investiram nas obras.

Os projetos de paisagismo e arquitetura são dos escritórios de Roberto Riscala e Meg Valau. A obra será tocada pela Athié Wohnrath, empresa de arquitetura que também executa obras.

Rossieli disse ainda que a sua gestão se esforça para melhorar a estrutura das demais escolas. Cerca de 1.384 unidades estão passando por pequenas adequações, uma das ações do projeto Escola Mais Bonita.

O maior desafio da atual gestão será estruturar o Conviva SP, programa que prevê atacar ocorrências de bullying, automutilação e suicídio entre os estudantes.

Reportagem da Folha mostrou que as escolas da rede pública paulista registraram entre janeiro e setembro deste ano 1.145 casos de bullying. Destes, 23 serão investigados pela Polícia Civil. O próprio Rossieli diz que o número não retrata a realidade por causa da subnotificação e problemas no registro das ocorrências.

Em novembro, um questionário será aplicado em todas as 5.400 escolas da rede pública paulista. Os resultados obtidos entre os respondentes vão servir de base para a criação de estratégias pela melhoria do clima das escolas, a principal meta do programa.

Uma das iniciativas é formar equipes de ajuda entre os próprios estudantes para resolver as ocorrências que pesam a rotina de estudos e vivência escolar.

“A literatura já comprovou que a melhoria do ambiente escolar é um fermento especial para a conquista de bons índices de aprendizagem”, disse Haroldo Rocha, ex-secretário de Educação do Espírito Santo que integra a equipe de Rossieli.

O projeto será tocado sob a consultoria do Gepem (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral), da Unesp.​

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