Severino Batista queria morrer após o Carnaval. Passada a folia, dizia: “Agora, só depois do próximo”. O Carnaval carioca era seu evento favorito. Natural de São Sebastião de Lagoa da Roça (PB), foi para o Rio de Janeiro aos 12 anos com os três irmãos mais velhos.
Trabalhou como vendedor de biscoitos e de bebidas na praia da Barra da Tijuca.
Sua rotina mudou depois de conhecer Maria das Graças, em Caratinga (MG). Ele passava os meses quentes no Rio de Janeiro e retornava à cidade mineira na baixa temporada para levar sustento à família.
Separaram-se há 34 anos, mas Severino mantinha contato e visitava o filho, Anauê Batista.
No Rio, era conhecido como Cobra Coral. O apelido foi dado porque Batista gostava de tomar uma cachaça que vinha na garrafa com uma cobra dentro.
Na praia da Barra, o Quiosque do Lelê era o ponto de encontro de Cobra Coral com amigos famosos e anônimos.
Há cinco anos, ele foi convidado pelo cantor Zeca Pagodinho para trabalhar em sua chácara, em Xerém (RJ). O emprego não deu certo, pois Cobra Coral não resistia aos tonéis de cachaça. Desempregado, voltou para a sua vida na Barra da Tijuca.
Cobra Coral tinha uma casa na Cidade de Deus, mas dormia nos carros velhos que serviam de depósitos para os barraqueiros da praia.
Gostava de inventar músicas, que cantarolava com frequência, mesmo já debilitado nos últimos tempos de vida.
Sofreu um AVC no fim do ano passado, cujas sequelas se agravaram no último Carnaval, quando caiu e bateu a cabeça. Severino Batista morreu no dia 18 de setembro, aos 74 anos.
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