Quando tinha cinco anos, Marizelli Armelinda Dias quase morreu afogada. Zelli, como era chamada pela família, entrou sozinha numa piscina funda e não conseguiu sair.
Foi salva por uma mulher desconhecida que a puxou pelo braço, certificou-se de que estava bem e sumiu. “Sabemos que foi um anjo”, disse a irmã, Mariza Armelinda Dias.
Por influência do pai, interessou-se por música desde cedo em Samambaia (DF), onde nasceu. Aprendeu com os pais os primeiros acordes no violão e deu os passos seguintes com ajuda de vídeos na internet. Formou com a irmã a banda Luz Divina.
Na adolescência, montou outra banda com o melhor amigo, Jad Teles: a Válvula DZ6. Eles animaram festas e eventos e produziram a trilha sonora de um filme feito em Samambaia, o documentário “Periférico 304”.
Aos 28 anos, foi aprovada no concurso para o Corpo de Bombeiros. Reviveu o trauma na prova de natação. Venceu a fobia por água com ajuda de um psicólogo e de treinos diários. Em 2018, entrou para o 2º Grupamento de Bombeiro Militar em Taguatinga.
Zelli chegava ao trabalho sempre impecável. “Mesmo num ambiente militar, não deixava sua feminilidade de lado”, diz a colega de farda Josiana Oliveira da Silva.
No mês de agosto, Zelli e Mariza sentiram falta dos encontros calorosos com toda a família. Criaram um grupo de WhatsApp e organizaram um churrasco. Previsto inicialmente para outubro, o evento foi antecipado para o dia 8 de setembro.
Marizelli morreu no dia 15 de setembro enquanto controlava um incêndio. Deixa a mãe, a irmã e dois filhos.
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