Os policiais militares da Bahia decretaram greve nesta terça-feira (8) em Salvador.
A decisão foi tomada em assembleia da Aspra (Associação dos Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia), entidade que reúne uma parcela do efetivo de soldados e praças.
A Aspra é comandada pelo deputado estadual Marco Prisco (PSC), o mesmo que liderou as greves dos policiais na Bahia em 2012 e 2014.
O Comando Geral da Polícia Militar da Bahia, contudo, não reconhece a greve e afirma que o policiamento ostensivo está garantido em todo o estado.
Em nota, informou que o movimento é político e tem a intenção de criar clima de insegurança no estado: “Isso não será permitido”.
O Comando Geral ainda afirmou que a população que deve manter sua rotina e que os policiais que não atenderem suas escalas responderão conforme Legislação Militar.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o comandante geral da PM, Anselmo Brandão, negou que haja adesão à greve e afirmou ser ele o interlocutor direto das demandas da tropa junto ao governador.
"Nossa tropa está aí nas ruas e vai dar uma resposta para a sociedade mostrando o quanto nós estamos comprometidos com a segurança de vocês. Não existe estado de greve, a Polícia Militar continua operando e atuando plenamente nas ruas”, afirmou.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT) afirmou que o movimento tem viés político-eleitoral e é liderado por um deputado que responde a processos criminais. E agradeceu aos policiais que estão nas ruas.
"A Polícia Militar, pais e mães de família que honram essa instituição [...] dão uma demonstração de responsabilidade, de seriedade e de compromisso com os baianos e baianos", disse Costa, afirmando que não há adesão dos policiais à greve em nenhum município baiano.
A Polícia Militar da Bahia tem 33 mil policiais, sendo 26 mil praças e sete mil oficiais. Maior entidade que congrega policiais na Bahia, a Aspra diz ter 15 mil filiados e afirma que há uma adesão de cerca de 80% dos praças à greve.
Segundo o coordenador da Aspra, deputado estadual Marco Prisco, o governador erra ao não negociar com a categoria.
“O erro do governo é confiar em seus coronéis ao invés de sentar para dialogar. É totalmente contraditório um governador que foi sindicalista não reconhecer uma entidade com 15 mil filiados”, diz.
O governador Rui Costa foi dirigente sindicato dos Químicos e Petroleiros, cargo que o projetou para disputar cargos eletivos.
Os policiais que entraram em greve reivindicam plano de carreira, reajuste de gratificações e melhorias no Planserv, plano de saúde oferecido aos servidores estaduais.
Eles ainda reclamam de falta de diálogo do governo Rui Costa, que não reconhece a Aspra como entidade que representa os policiais.
Nos últimos anos, a entidade ingressou com sucessivos pedidos de audiência com o governador.
Após a ausência de respostas do governo, a associação entrou com um pedido de mediação junto ao Tribunal de Justiça da Bahia, que ainda não foi apreciado.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.