Covas turbina gastos em zeladoria e fecha buracos, mas barulho e árvores continuam sendo problema

Atendimentos pelo 156 aumentam; no caso do tapa-buraco, números dobraram

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São Paulo

Com gastos turbinados em zeladoria perto do ano eleitoral, a gestão Bruno Covas (PSDB) vem aumentando os números de pedidos atendidos no sistema 156. 

A plataforma, que atende mais de 900 serviços, aumentou em 18% as solicitações atendidas no último semestre. Elas passaram de 471.625 para 555.882, na comparação entre o primeiro semestre deste ano e o mesmo período de 2018, segundo a prefeitura. 

Alguns serviços, como tapa-buraco, praticamente dobraram. Mas outros, como a fiscalização ao barulho na cidade e cuidado com árvores, permanecem problemáticos. 

Covas tem focado na qualidade das ruas da cidade, uma medida de grande visibilidade na gestão do prefeito ainda pouco conhecido na cidade em que governa. 

O orçamento para zeladoria neste ano foi o triplo do ano passado, atingindo R$ 1,5 bilhão, parte importante para o asfalto —para 2020, ano eleitoral, estão previstos R$ 3 bilhões para esse fim.

Neste cenário, os pedidos atendidos de tapa-buraco passaram de 47.352 para 85.793 no primeiro semestre deste ano.

O secretário municipal das Subprefeituras, Alexandre Modonezi, argumenta que não é só o dinheiro extra que melhorou a qualidade do serviço. Foram contratados verificadores, por exemplo, que rodam a cidade para checar a existência dos buracos, além do monitoramento dos serviços em tempo real

"No Jaçanã, hoje, se a pessoa solicita para o 156 até meio-dia ela é atendida no mesmo dia", cita o secretário. 

A prefeitura contabiliza, porém, entre os atendidos pedidos indeferidos, alegando que vai até os locais checar a necessidade do serviço e dá uma resposta ao cidadão. 

Conforme mostrou o jornal Agora, do Grupo Folha, porém, 36,3% pedidos de tapa-buraco feitos no período foram indeferidos —em alguns dos casos, a reportagem foi até os locais e constatou que os buracos estavam lá. A gestão alega, porém, que das solicitações seriam atendidas, mas haviam sido indeferidas por se encaixarem em outras categorias. 

De seis serviços de grande procura escolhidos pela reportagem, apenas a avaliação de árvores teve queda nos atendimentos no último semestre. O estoque de solicitações em aberto nestes serviços caiu de 152.882 para 124.633, queda de 18%. 

Além de liderar as queixas na ouvidoria, os pedidos de avaliação de situação de árvores estão em quarto lugar no portal 156, atrás apenas de tapa-buraco, abordagem de moradores de rua e cartão de estacionamento de idosos.  

Conforme a Folha revelou, alavancada pela demora nos atendimentos de poda e cortes de árvores, uma quadrilha chega a se passar por funcionários da prefeitura e cobra para fazer este serviço. 

No último semestre, foram atendidos 25.683 pedidos de avaliação de árvores, contra 44.334 no período anterior. Em junho, a fila para este serviço era de 60.756 —número que a prefeitura diz que baixou para 10 mil. 

Segundo a administração, o acúmulo se devia a uma grande quantidade de árvores de responsabilidade de poda de prestadora de serviço Enel, responsável pela energia elétrica. Agora, foi incluído nos questionamentos do 156 a pergunta se a árvore encosta na fiação. 

O serviço do PSIU (programa de silêncio urbano) ​é outro que apresenta números abaixo de anos anteriores. Em comparação com 2018, houve aumento de 75%, passando de 4.706 para 8.221. 

No entanto, o número de atendimentos ainda é menor que o dos primeiros semestres de 2016 (13.217) e 2017 (12.796). Embora seja um tema de grande procura, o PSIU  tem apenas 10 agentes vistores para tomar conta de toda a cidade.

De acordo com o secretário Modonezi, os agentes tem se envolvido em ações maiores, como os pancadões, onde os agentes ficam mais tempo. Por isso, tem disponibilidade para ir a menos lugares. 

Para ele, o ideal é levar elementos bem-sucedidos no trabalho de tapa-buraco, como um roteiro estabelecido e informações em tempo real, para o serviço do PSIU. 

No entanto, Modonezi afirma que o principal gargalo da cidade continua sendo a questão do entulho. Este serviço costumava ser feito de maneira descentralizado pelas empresas e, por isso, só nos últimos dois anos há números mais precisos: 26 mil atendimentos por semestre. 

Em junho, havia um estoque de 2.135 pedidos a serem atendidos. Devido à ação de quadrilhas, a prefeitura afirma ter dificuldade em resolver esse problema. 

"Passa até pelo crime organizado. O que a gente conseguiu fazer? Melhorar o tempo médio de atendimento. Antes demorava 400 horas para fazer uma limpeza e estamos fazendo em até 47 horas", diz Modonezi.  

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