Pés no chão, um caderno azul e uma caneta marcaram a simplicidade com a qual o jornalista Euro Tourinho contou suas histórias ao longo de mais de 63 anos de jornalismo.
As balas e o largo sorriso distribuídos aos repórteres vão fazer falta aos colegas.
Amigo há 42 anos, o jornalista Montezuma Cruz, 66, o considerava o paizão do qual o jornalismo precisava.
“Enquanto chefe, nunca alterou sua voz, corrigia os textos dos repórteres pacientemente e dava conselhos como ninguém”, afirma.
Problemas respiratórios tiraram Euro Tourinho da pauta da vida no dia 25 de novembro, aos 97 anos. Ele era o mais antigo jornalista da Amazônia.
Nascido em Corumbá (MS), comprou e dirigiu por décadas o jornal Alto Madeira, cuja circulação foi interrompida em outubro de 2017.
O veículo noticiou fatos importantes da história, como a construção da BR-29 (mais tarde BR-364). Na época, entrevistou o presidente Juscelino Kubitschek. Ético, não publicava nada sem ouvir os dois lados da notícia.
Além do legado no jornalismo, Tourinho deixou sua marca com seu compromisso com causas nobres e com a solidariedade.
Uma das netas, a juíza Euma Tourinho, 48, conta que o jornalismo era a vida dele.
“Meu avô deixou como legado o amor que cultivou pela vida e pelas pessoas. Gostava de olhar nos olhos e estreitar laços, e transmitia o fluido vital do gosto pela vida. Ele ainda dirigia o próprio carro e fazia exercícios físicos diariamente”, relata.
Viúvo, Euro Tourinho deixa seis filhos, 27 netos, 24 bisnetos e um tataraneto.
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