Prédio cuja marquise caiu em SP foi vistoriado em junho, diz laudo

Síndico do edifício afirmou em depoimento à Polícia Civil que engenheiro atestou segurança

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

As áreas comuns do edifício nos Jardins cuja marquise desabou nesta quarta (13) e matou um rapaz de 17 anos foram vistoriadas em junho deste ano, de acordo com laudo entregue à Polícia Civil.

Em depoimento no 78° DP (Jardins), o síndico do prédio, Fuhad Ayub Issa, 82, afirmou que um engenheiro avaliou o prédio no meio do ano e atestou que estava tudo bem. Teriam sido duas visitas: nos dias 12 e 26 de junho. 

A delegada Zuleika Gonzalez Araújo, titular do DP, afirmou que o documento será analisado para saber as áreas que foram vistoriadas e qual foi o parecer do engenheiro, que será chamado para prestar depoimento. 

A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar a queda da estrutura. O caso foi registrado como morte suspeita, desabamento ou desmoronamento e lesão corporal. A polícia realizou perícia durante a madrugada e ouviu o síndico. 

Marquise desabou e matou um rapaz nos Jardins, em São Paulo
Marquise desabou e matou um rapaz nos Jardins, em São Paulo - Júlia Zaremba/Folhapress

“Agora, vamos ver se a marquise é original do prédio ou se foi feita depois. Fazer todo o levantamento com a prefeitura e ir atrás dos detalhes”, diz Araújo. O edifício Vila América é de 1972 e fica na rua Bela Cintra, na altura da alameda Tietê. 

A marquise desabou pouco antes das 19h desta quarta e atingiu dois rapazes. O estudante Thiago Nery Qualiotto, 17, morreu no local.  Era aluno do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Santa Cruz, em Alto de Pinheiros (zona oeste).

O velório, restrito a familiares e pessoas próximas, foi realizado nesta quinta (14) no município de Laranjal Paulista, no interior de São Paulo.

O outro rapaz atingido pela estrutura, João Tess Portugal, que completou 18 anos no dia do incidente, está internado na UTI pediátrica do Hospital Sírio Libanês. Ele sofreu fraturas nos arcos costais e no tornozelo esquerdo e escoriações leves. 

Durante a madrugada, passou por cirurgia para fixação externa do tornozelo. Na próxima semana, passará por nova cirurgia para correção definitiva da fratura, segundo o hospital. Ainda não há previsão de alta. 

A prefeitura afirmou à Folha que aguarda o resultado da perícia da Polícia Civil.

Informou ainda que não há registro de obras recentes no prédio na subprefeitura de Pinheiros —obras que interferem na estrutura de edificações precisam de autorização do poder público. 

A secretaria das Subprefeituras realiza vistorias a partir de denúncias ou quando é acionada pela Defesa Civil. Foram realizadas 1.152 fiscalizações em imóveis de área particular de janeiro a outubro de 2018. Destes, 890 foram interditados. No mesmo período em 2019, foram 1.135 fiscalizações e 736 interdições.

Moradores do prédio relatam ter sentido um tremor no momento em que a marquise desabou.​

A garçonete Germana Silva, 20, que trabalha em frente ao prédio, diz ter testemunhado o momento da queda. 

Segundo ela, as duas vítimas estavam conversando na porta do edifício quando a marquise caiu. “Do nada despencou. Não deu tempo de eles correrem”, conta. 

Germana relatou ainda que os bombeiros chegaram em poucos minutos para prestar socorro. Seis viaturas foram encaminhadas ao local, segundo a corporação. 

Centenas de alunos, professores e pais de alunos do Colégio Santa Cruz se reuniram na instituição à noite
Centenas de alunos, professores e pais de alunos do Colégio Santa Cruz se reuniram na instituição à noite - Júlia Zaremba/Folhapress

O coordenador da Defesa Civil Marcos Santana afirma que a marquise tinha em torno de 15 metros de comprimento e “provavelmente estava comprometida por algum tipo de infiltração”, o que só será comprovado após avaliação. Já a estrutura do prédio, disse, não foi comprometida. 

Centenas de alunos, professores e pais de alunos do Colégio Santa Cruz se reuniram na instituição à noite para apoiar uns aos outros e fazer uma oração para Thiago. O clima era de consternação.

Thi Nery, como era conhecido pelos amigos, tinha paixão por mangá, RPG e jogos. 

A área de exatas era o seu forte —queria estudar engenharia química na faculdade. A mãe, professora de química da escola há seis anos, foi uma inspiração. 

“Era um cara alegre. Nunca, literalmente nunca, estava mal”, disse um amigo. 

O colégio suspendeu as atividades do ensino médio nesta quinta (14).

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.