19 dos 27 vereadores de Uberlândia são presos em investigação de desvio

Quórum restante é insuficiente para legislar, e Câmara Municipal fica paralisada

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Ribeirão Preto

Duas operações que investigam desvios de verbas em gabinetes e fraudes em contrato de vigilância levaram à prisão nesta segunda-feira (16) 19 dos 27 vereadores de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, além de emitir novo mandado para um vigésimo que já estava detido e fora substituído por suplente.

Ao menos um deles vai renunciar ao mandato. Todos os envolvidos passaram a noite detidos depois da deflagração das operações pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público de Minas Gerais.

Homem fardado carrega caixa azul em corredor com laterais repletas de fotos
Policiais carregam documentos apreendidos no prédio da Câmara Municipal de Uberlândia, onde 19 vereadores foram detidos em operação do Ministério Público - Giovanna Tedeschi/Diário de Uberlândia

A Justiça mineira expediu mandados de prisão para os 20 vereadores da Câmara de Uberlândia e para outras 20 pessoas —como empresários—, após investigação apontar desvios de R$ 4 milhões com materiais gráficos e suspeita de vigilantes fantasmas terem sido contratados pelo legislativo.

Um dos vereadores alvo de mandado de prisão já estava detido. Na casa de uma das vereadoras, os promotores encontraram cerca de R$ 1 milhão. Em outro imóvel, foram R$ 960 mil, sendo R$ 800 mil em cheques. No total, foram cumpridos 41 mandados de prisão e busca e apreensão na operação.

De acordo com a Promotoria, os recursos eram desviados da verba indenizatória de gabinete a que cada vereador tem direito. Em três anos, teriam sido confeccionados 17,5 milhões de informativos impressos, número considerado irreal.

Ainda conforme o Ministério Público, as gráficas envolvidas não tinham condições de efetuar o serviço nem documentação que comprovasse terem comprado materiais para as impressões.   Os suspeitos prestaram depoimento nesta segunda e terça-feira (17).

Uma das presas é Flavia Carvalho (PDT), que fez acordo com a Promotoria após prestar depoimento e se comprometeu a renunciar ao mandato na Câmara.

Com as prisões, restaram somente oito vereadores na Câmara, quórum insuficiente para a aprovação de projetos. Desses, cinco são titulares de seus cargos, enquanto os outros três eram suplentes e já tinham sido empossados anteriormente nas vagas de eleitos que foram presos.

OUTROS CASOS

O episódio ocorrido na cidade mineira nesta segunda não é o único a envolver afastamentos e prisões de vereadores nos últimos anos no país. No mês passado, 11 dos 19 vereadores de Santa Rita (PB) foram presos em flagrante na operação Natal Luz após retornarem de Gramado (RS).

Eles são suspeitos de usarem verba pública para participarem de um congresso na cidade gaúcha. Dos quatro dias de viagem, o grupo teve apenas uma manhã de programação, com o resto dos dias livres para lazer. Foram soltos em audiência de custódia na noite do dia seguinte e respondem em liberdade.

No ano passado, a Polícia Federal prendeu prefeito, vice e cinco vereadores de Cabedelo (PB), na região metropolitana de João Pessoa, suspeitos de integrarem esquema de corrupção que envolvia fraudes na contratação de terceirizados, desvio de dinheiro público por meio de funcionários fantasmas, empréstimos fraudulentos em nome de servidores e recebimento de propina para aprovação ou rejeição de projetos de lei.

Em 2016, Ribeirão Preto viveu seu maior escândalo político e de corrupção, com a prisão de 11 pessoas e a suspensão dos mandatos de 9 vereadores na operação Sevandija (parasita), 8 deles não conseguiram se reeleger, e o que obteve novo mandato abriu mão antes da posse. A ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido) ficou dois anos e meio presa.

A Folha procurou a assessoria da Câmara para se posicionar sobre o assunto, mas não obteve contato. Defesas e assessorias de vereadores envolvidos têm afirmado que ainda estão tomando conhecimento dos detalhes das acusações e prestarão os esclarecimentos necessários.

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