Com funk e gritos de 'assassinos', moradores de Paraisópolis protestam contra PM

Manifestação cobrava Justiça em relação a ação policial que terminou com nove mortos pisoteados

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São Paulo

Após uma ação policial contra baile funk terminar com nove mortos pisoteados, centenas de moradores de Paraisópolis (zona sul de SP) tomaram as ruas da favela e arredores para protestar contra o episódio.

O tumulto durante o baile funk aconteceu em evento com mais de 5 mil pessoas. Imagens e relatos indicam que a multidão acabou encurralada pela polícia em vielas estreitas—alguns tropeçaram e acabaram mortos. Jovens afirmaram que a ação foi uma "emboscada".

Durante a manifestação, os moradores cantaram um trecho de um funk clássico. "Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci", entoaram. 

Em parte do trajeto, encontraram com policiais e o clima ficou mais tenso. "Assassinos, assassinos", gritavam. No entanto, não houve conflito.

Moradores protestam contra ação da PM em Paraisópolis
Moradores protestam contra ação da PM em Paraisópolis - Marlene Bergamo/Folhapress

Moradores da favela afirmam que a situação em Paraisópolis é difícil após um policial ser morto há um mês. Na ocasião, o  sargento Ronaldo Ruas Silva, de 52 anos, da Força Tática, foi baleado após uma abordagem a suspeitos com troca de tiros. 

Desde então, os moradores relatam truculência dirigida de forma geral à comunidade. 

Uma das moradoras mais antigas de Paraisópolis, Zita Oliveira, 62, diz que a população quer paz. Ela pretende fazer um protesto contra o ocorrido. 

"Como ficam as mães dos que morreram? Eles [policiais] não tem consciência do que eles fazem? A gente só quer paz",  afirmou. 

Mais cedo, as ruas da comunidade estavam de pessoas que contavam relatos de agressão. 

Rafael dos Santos, 29, vendia cachorro quente na festa quando foi atingido por uma bala de borracha. "Meu carrinho chegou a cair no chão e as pessoas me ajudaram", disse. "Esse baile ajuda muita gente aqui, movimenta o comércio e paga os aluguéis".

O baile funk onde morreram nove pessoas pisoteadas, mais conhecido pela sigla “DZ7”, é um dos maiores de São Paulo e reúne entre 3.000 e 5.000 pessoas —incluindo gente de municípios vizinhos— por dia ao longo da rua Ernest Renan, em Paraisópolis, e em seu entorno.

O baile, que começa à noite e continua até a manhã do dia seguinte, funciona com iniciativas descentralizadas —carros e caixas de som, comerciantes e aglomerações de pessoas ao longo das ruas.  Diferentemente dos maiores bailes do Rio de Janeiro, o DZ7 não tem um organizador nem apresentações de DJs ou MCs. 

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