Gestão Covas propõe reajustar passagem de ônibus de SP para R$ 4,40

Correção é abaixo da inflação; proposta apresentada em conselho ainda será avaliada pelo prefeito

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São Paulo

O secretário municipal de Transportes da gestão Bruno Covas (PSDB), Edson Caram, propôs reajustar a passagem de ônibus de R$ 4,30 para R$ 4,40 no próximo ano. 

O reajuste seria de 2,33%, abaixo da inflação. Se fosse seguir o IPCA, com inflação acumulada de 3,27%, o novo preço da passagem seria de R$ 4,44. 

A proposta foi apresentada pelo secretário durante reunião do CMTT (Conselho Municipal de Transportes e Trânsito). ​A decisão ainda será tomada pelo prefeito Bruno Covas

"Nós não estamos reajustando, estamos corrigindo um pouquinho a tarifa abaixo da inflação. É um realinhamento de 2,33%", disse o secretário Caram. 

De acordo com ele, a proposta já foi apresentada ao governo estadual, responsável pelo Metrô e CPTM. Tradicionalmente, a decisão é alinhada para que as duas passagens tenham o mesmo preço que o do ônibus da capital

Caram afirma que a proposta foi pensada levando em conta forte redução do subsídio para o sistema de ônibus no próximo ano. "Para isso, serão necessárias readequações não só no sistema como fazer a reposição", disse o secretário. 

Outro ponto que pode pesar na decisão final de Covas é a questão eleitoral. Covas tenta a reeleição e, tradicionalmente, prefeitos não costumam reajustar a passagem em ano eleitoral. 

Além da impopularidade da medida, o aumento da tarifa acabou virando tabu após os protestos de junho de 2013. 

Após o desgaste sofrido por Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), que acabaram revertendo o aumento na ocasião, os reajustes de ônibus, trem e metrô ficaram abaixo da inflação —enquanto os três reajustes anteriores a 2013 tinham superado a inflação acumulada.

João Doria (PSDB) se elegeu prefeito em 2016 prometendo congelar a passagem. Covas, em janeiro deste ano, aumentou a passagem de R$ 4 para R$ 4,30, um reajuste maior do que a inflação do ano anterior, de 3,75%. Na ocasião, a gestão afirmou que se tratava de uma reposição por anos anteriores em que não houve aumento. 

O pesquisador de mobilidade urbana do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) Rafael Calabria afirma que o reajuste não é justo.

"A Secretaria [de Transportes] anunciou no conselho que o custo do sistema de ônibus será reduzido no ano que vem, mas a redução do subsídio decorrente disso foi ainda maior que essa economia, gerando um déficit que eles querem cobrir com esse aumento de tarifa", afirma Calabria. 

De acordo com ele, a mudança ocorre em um ano em que o orçamento deve aumentar, em contraponto à crise e ao desemprego. "[O reajuste] torna injusto a prefeitura realizar economias às custas do usuário comum de transporte", afirma.​

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