A preocupação com o próximo sempre foi uma característica da ativista e advogada Sônia Regina Maurelli.
Quando ingressou na faculdade de Direito, a sensibilidade precoce a fez perceber que as mulheres vítimas de violência doméstica não recebiam o devido acolhimento.
Os casos eram subestimados. Tal constatação a transformou em uma voluntária em defesa da causa.
Inicialmente, o atendimento era nas igrejas, fábricas e comunidades.
Em 1996, fundou a ONG Casa de Isabel, um centro de apoio à mulher, à criança e ao adolescente vítimas de violência doméstica e em situação de risco.
A filha, a toxicologista Maria Veridiana Maurelli, 38, estima que mais de 80 mil mulheres foram atendidas.
Sua assistente por 18 anos, Maria Margarete Alves dos Santos, 49, diz ser privilegiada por ter compartilhado sua vida com a de Sônia.
“Ela nunca quis recompensa pelo bem que proporcionou. Dedicava os dias a cuidar de pessoas e oferecer uma nova vida aos acolhidos. Resgatou vidas e almas. Nos ensinou a viver de forma diferenciada. Foi uma lição de vida para todos”, afirma ela.
Palmeirense apaixonada e divertida, brincava com a rivalidade dos times com as funcionárias da ONG. Quem convivia com ela sabia que era uma das suas maneiras de mostrar seu amor desapegado e indiscriminado.
“Ela incentivava as funcionárias a estudarem e conquistarem seu espaço”, conta Margarete.
“Minha mãe nos ensinou a ir à luta, amar e cuidar do próximo”, diz Maria Veridiana.
Sônia Regina Maurelli morreu no dia 14 de dezembro, aos 62 anos, por complicações de câncer de mama.
Divorciada, deixa três filhas e dois netos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
Veja os anúncios de mortes
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.