A doçura esteve presente em todos os seus momentos: nos de bravura —na coordenação do atendimento às vítimas do incêndio do Gran Circus Norte-Americano, que vitimou centenas de pessoas em Niterói (RJ), em 1961, por exemplo—, e quando falava sobre educação.
Segundo um dos netos, Maria Pérola Sodré —a mais antiga integrante viva do movimento escoteiro no Brasil— dizia que as pessoas deveriam ser igual rapadura: doce e dura.
"Minha avó acreditava que servir de exemplo é primordial para educar alguém", conta o analista de sistemas André de Wolf Oliveira, 54.
Principal referência do Escotismo do Mar e do Movimento Escoteiro nas últimas quatro décadas no país, Maria Pérola tinha 92 anos de boas atividades. Recebeu em vida os maiores reconhecimentos possíveis do escotismo nacional.
Nasceu no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, numa família de escoteiros e bandeirantes. Herdou do pai, o Velho Lobo, almirante Benjamin Sodré, autor do "Guia do Escoteiro" (1925), o dom para o voluntariado.
Era gentil, simples, ativa e sábia. Atuou em várias áreas do conhecimento humano, principalmente em educação e religião. Gostava de mergulhar e de esportes em geral.
"Ela era bem-humorada, positiva e despojada de bens materiais. A minha avó se importava com o ser humano e se sentia realizada ajudando ao próximo", diz André.
Uma das suas paixões era a ilha da Boa Viagem (Niterói), pertencente à Marinha, da qual foi guardiã, missão que assumiu após a morte do pai, em 1982.
Conhecida pelo apelido de Gaivota Branca, era a presidente de Honra do 4º/RJ Grupo Escoteiro do Mar Gaviões do Mar, sediado na ilha.
Morreu dia 23 de dezembro, aos 97 anos, em decorrência de uma infecção. Viúva, deixa um filho, três netos, quatro bisnetos e três irmãos.
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