Descrição de chapéu Obituário Alzira Rosali Bevilacqua Dias (1933 - 2019)

Mortes: Ensinou os filhos e netos a enfrentar as dificuldades da vida com humor

Alzira Rosali Bevilacqua Dias não chegou a completar o ensino primário, mas era inteligente e sabia conduzir a vida

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Washington

Toda vez que a gente chegava de São Paulo, ela preparava uma mesa de café da manhã com bolo, pão, leite e panetone. 

Era véspera de Natal e ela sabia que eu não gostava muito nem de Natal nem de panetone. Mas o colocava ali —“porque seu pai gosta”—, ao lado das fatias de queijo caprichosamente enroladas e da promessa que, depois do almoço, viria o estrogonofe de nozes com suspiro. 

Alzira Rosali Bevilacqua Dias nasceu em 30 de abril de 1933 em Araçatuba (527 km de SP), mas nunca se acostumou com o calor da região.

Alzira Rosali Bevilacqua Dias (1933-2019)
Alzira Rosali Bevilacqua Dias (1933-2019) - Arquivo pessoal

Mudou-se para Castilho, às margens do rio Paraná, onde conheceu e se casou com José Ascêncio Dias. Ao lado dele, criou quatro filhos.

O mais velho, que costumava subir no telhado para ler sem ser atrapalhado pelos irmãos, decidiu ir para a capital paulista ainda bem jovem, aos 18 anos. 

Rosali não chegou a completar o ensino primário, mas toda a inteligência e sagacidade com que conduzia a vida foram suficientes para que ela entendesse que nada pararia o primogênito.

Nunca lhe faltou humor. Aprendemos, os quatro filhos e quatro netos, que precisamos de muito humor para atravessar as tempestades.

Somos todos assim, somos todos Bevilacqua, até aqueles que, como eu, não herdaram essa parte do sobrenome. Alzira Rosali era devota de Iemanjá e gostava de benzer os netos. 

Morreu em 18 de dezembro de 2019, aos 86 anos. Estava em casa.

Sua sensibilidade a fez anunciar um dia antes: “Meu filho ligou de São Paulo hoje várias vezes. É porque vou embora, mas vou embora feliz.”

Deixa quatro filhos, quatro netos e um bisneto.

coluna.obituario@grupofolha.com.br
 
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