A delicada melodia do violino que Cotta Levy aprendeu a tocar tão bem quando solteira serviu de trilha sonora para sua vida.
Com a mesma facilidade que escrevia partituras compôs uma vida cheia de bondade, alegria e sonhos realizados.
"Quem ama a vida é amado por ela." A frase, de Arthur Rubinstein, era a que melhor a representava. "Para a minha mãe não havia nada melhor do que estar viva", conta a psicóloga Ruth Eleonora Levy, 63, sua filha.
Divertida e festeira, nasceu em Alenquer (PA). Ao completar 18 anos, mudou-se para a capital Belém.
O abraço era o preferido das crianças. Tinha o sorriso fácil e tão gostoso quanto a sua especialidade na cozinha: fijuelas, doce marroquino que leva calda de açúcar com água de flor de laranjeira e canela.
Antenada, vó Cotta, como era chamada pelas crianças, aprendeu a mexer no computador aos 90 anos. Lia notícias, jogava paciência e utilizava o Skype para falar com os filhos. Suas opiniões e a personalidade eram fortes, mas sempre tinha um conselho para dar.
Adorava música, ir a concertos e ao teatro e viajar. Aos 70 anos, saiu do Brasil pela primeira vez. Realizou o sonho de conhecer a Europa. Aos 75, viajou ao Marrocos, terra dos seus pais e de duas de suas irmãs.
Fez trabalhos voluntários. Era presidente de honra da sede da Wizo, instituição judaica que auxilia pessoas carentes, no Pará.
Seu centenário foi uma festa para 350 pessoas.
No dia 9 de dezembro, aos 105 anos, vó Cotta dormiu e não acordou mais.
Viúva, Cotta Levy deixa oito filhos, 18 netos e 11 bisnetos.
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