Diariamente, o engenheiro elétrico e de produção Cláudio Milz era levado de volta à infância ao descer a rua onde morava.
A sua casa, localizada no bairro Eldorado, na divisa entre a zona sul de São Paulo e Diadema (ABC paulista), fica a alguns passos da represa Billings. Ele contava à filha, a doutoranda em ciência ambiental na USP, Beatriz Milz, 26, que antigamente a represa era limpa.
Nascido em Santo André (ABC), Cláudio foi um importante ativista ambiental e social. Atualmente, comandava uma empresa de aço, mas preenchia seus dias com as questões que envolviam a preservação da natureza.
Um dos seus sonhos era ver a filha com o título de doutora. “Foi o melhor pai, um grande amigo e incentivador da minha formação profissional”, diz Beatriz.
Usou a dose extra de teimosia com a qual veio ao mundo em defesa do planeta. Também era destemido e persistente. Com o poder de persuasão, tentava convencer os amigos a se tornarem vegetarianos, como ele.
“Meu pai cultivava plantas em casa e levava a um bar da região para que o dono do estabelecimento oferecesse aos clientes como opção vegetariana de alimentação”, relata Beatriz.
Músico por diversão, tinha sete violões pelos quais dedilhava chorinho ou MPB nos momentos de descanso.
O grande pai e defensor do meio ambiente também deixou marcas em quem o acompanhou ao longo da vida. Amante dos animais, cuidava dos cachorros dos amigos sem cobrar nada.
No dia 11 de dezembro, Cláudio Milz se despediu do planeta que tanto respeitou. Morreu aos 50 anos, de câncer. Deixa mãe e filha.
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