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Repórteres estão mais perto da periferia do que ombudsman vê

Coluna sobre Paraisópolis ignora partes fundamentais da cobertura

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São Paulo

Ao dizer que a Redação da Folha teria pensado melhor na cobertura das mortes em Paraisópolis caso elas ocorressem em um local central, a coluna de 8 de dezembro da ombudsman, “A gente não ama Paraisópolis”, omite pontos importantes do trabalho feito pelo jornal. 

A Folha foi um dos primeiros veículos a ir a Paraisópolis e o único a mostrar fragilidades no discurso oficial —caso do texto “PM encurralou multidão em vielas onde houve pisoteamento, indicam relatos e vídeos” e de relato de frequentadores sobre uma emboscada.

No primeiro dia, a Folha abordou a relevância cultural do baile em reportagem que tem entre os autores um jornalista morador de Paraisópolis, ativo na cobertura. 

Ao longo da semana, publicou entrevista com um especialista em funk, explicando os pancadões como fenômeno cultural e apontou saídas que fogem à questão policial.

 A isso se somaram reportagens que ouviram familiares de 6 das 9 vítimas, relatos de comerciantes alvo de abusos e depoimentos de moradores sobre violência policial, além da cobertura de protestos e, em primeira mão, informações que os “veículos independentes” que a ombudsman cita viriam a replicar.

Obviamente, o jornal que tem como um de seus pilares ouvir o outro lado nesta longa cobertura também ouviu a PM diariamente. Um desses casos resultou no texto mencionado pela ombudsman, sobre a continuação da festa após as mortes

É um elemento que ajuda a completar o quadro, e dar espaço para todos os lados se posicionarem está longe de ser falta de sensibilidade.

Por fim, embora de fato pessoas da periferia ainda sejam minoria nas Redações e no noticiário, isso não apaga o esforço da Redação para que o ponto de vista destas permeie as edições. É por essa expertise que se tornou mais frequente a contribuição da Agência Mural.

Tampouco o clichê se aplica a esta cobertura. A maioria dos repórteres que atuam no caso não tem como origem bairros ricos. Este que escreve, por exemplo, passou a adolescência na periferia de São Paulo e frequentou festas muito parecidas com a que foi cenário das mortes em Paraisópolis.

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