Governo de SP entrega obras de creche na cracolândia

Unidade atenderá filhos de dependentes químicos e de moradores de novos prédios da região

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São Paulo

O Governo de São Paulo entregou, na manhã desta quinta-feira (30), as obras do Centro de Educação Infantil Nova Luz, uma creche na alameda Dino Bueno, no centro da capital paulista, onde fica também a região conhecida como cracolândia.

A creche faz parte de um projeto do governo estadual de recuperação da área. Estava prevista no pacote de obras que já inaugurou ali, nas imediações da estação de trem Júlio Prestes, cinco prédios residenciais, com 914 moradias, e deve entregar mais dois prédios com 216 unidades até abril.

É num desses novos prédios a ser entregue em abril que a creche foi construída. A escola infantil terá vagas para 162 crianças de até três anos, e atenderá os moradores da região já a partir do próximo dia 5 de fevereiro. 

Centro de Educação Infantil Nova Luz, creche construída na cracolândia, no centro de SP
Centro de Educação Infantil Nova Luz, creche construída na cracolândia, no centro de SP - Secretaria de Estado da Habitação de SP/Divulgação

A escola fará parte da rede municipal de ensino, sob gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB), e será administrada pela SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), organização social que tem contratos com a administração pública na área da saúde e atua na região da cracolândia.

Do lado de fora, centenas de pessoas compram e usam crack a céu aberto. Na manhã desta quinta-feira, quando o governo, sob a gestão João Doria (PSDB), fez uma cerimônia para passar a creche para a prefeitura, o cenário era de território sitiado, com guardas-civis impedindo que os dependentes químicos ficassem no caminho para se chegar à creche.

As crianças na creche terão que conviver também com as constantes operações policias na região, que usam com frequência bombas e balas de borracha. A região está sob pressão, na tentativa do poder público de desocupar a área. A prefeitura fechou tendas de atendimento na região e abriu uma estrutura maior na rua Porto Seguro, próximo à ponte Cruzeiro do Sul, na tentativa de levar o fluxo de usuários para lá.

“A creche é um equipamento muito seguro. Existe aqui muita Polícia Militar, bastante Guarda Civil Metropolitana, trabalhando para que tenha segurança, e de fato tem segurança aqui hoje, para que a gente receba a partir da próxima semana as 162 crianças”, afirmou nesta manhã o secretário de Estado da Habitação, Flavio Amary.

As vagas da creche serão destinadas também a filhos de dependentes químicos que frequentam a região, segundo o secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, e haverá berçário para crianças nascidas prematuras. “Essa é uma situação recorrente aqui na Nova Luz, os usuários mães infelizmente acabam tendo esse tipo de quadro de saúde, e a gente vai ter um atendimento especializado para esses bebês nessa unidade”, diz ele.

A construção da creche e dos prédios residenciais faz parte da PPP do Centro, parceria público-privada criada ainda na gestão Geraldo Alckmin (PSDB) para levar moradias para a região. O projeto inicial previa que sob os prédios haveria um corredor aberto a pedestres, com lojas, mercado e a nova sede da Emesp (Escola de Música de SP Tom Jobim).

Desde 2018, porém, quando as unidades começaram a ser entregues, e os prédios, habitados, um muro de tijolos com cerca de três metros de altura, além de cerca de arame farpado (onde moradores de rua penduram roupas) transforma o espaço, que deveria ser aberto, numa espécie de fortaleza

Os muros inviabilizam também o comércio —56 lojas foram construídas no térreo dos prédios, mas ainda não há previsão de funcionamento. A escola de música também não começou a ser construída. O governo diz que ainda elabora o projeto com a Secretaria de Cultura.

Os moradores dos prédios trabalham para evitar a retirada dos muros, mas o estado afirma que o projeto será mantido.

“Existe um cronograma para que a gente faça, sim, a retirada dos muros e faça, sim, a locação dos espaços comerciais. E tudo no seu tempo. Existe esse cronograma”, afirmou Amary nesta manhã.

No total, a PPP do Centro prevê a construção de 2.260 apartamentos de interesse social, que tem financiamento para a população com renda de até R$ 5.724, além de 1.423 unidades para venda no mercado para quem tem renda superior a isso.

Um desses prédios, com unidades para venda no mercado, ficará bem em frente onde hoje se concentra a maior parte dos dependentes químicos, em um local conhecido como Praça do Cachimbo.

No entorno, em outra PPP, uma quadra inteira foi demolida para dar lugar à nova sede do hospital Perola Byington, cuja promessa é de que já estivesse funcionando em 2017, mas ainda não foi construído.

O governo agora avança para as duas quadras ao lado de onde será o hospital, local em que prevê construir mais 681 apartamentos.

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