Governo federal interdita cervejaria após contaminação em MG

Supermercados recolhem produto; casos de internação vão a dez

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Geórgea Choucair
Belo Horizonte

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento determinou nesta sexta-feira (10) o fechamento da Cervejaria Backer, fabricante da cerveja Belorizontina. Uma substância presente em lotes da bebida é suspeita de ter relação com a morte de uma pessoa e de outros internados com sintomas que incluem insuficiência renal, alterações neurológicas, vômitos e náuseas.

No mesmo dia, supermercados da capital mineira retiraram o produto de suas gôndolas.

Ao menos dez pessoas foram intoxicadas pela bebida contaminada  —três novos casos emergiram nesta sexta. O ministério determinou ainda ações de fiscalização para a apreensão dos produtos que ainda se encontram no mercado, como medida cautelar. No total, 16 mil litros de cervejas foram apreendidos pela pasta.

Segundo a Polícia Civil mineira, a substância dietilenoglicol foi encontrada em amostras de cerveja pilsen Belorizontina, nos lotes L1 1348 e L2 1348. A substância química é usada para evitar que líquidos congelem e  impedir que evaporem.

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Cervejaria Backer, produtora da cerveja Belorizontina, em Minas Gerais - Júnia Garrido/Futura Press/Folhapress

A Backer divulgou duas notas, nesta sexta-feira, reiterando que a substância dietilenoglicol não faz parte de nenhuma etapa do processo de fabricação de seus produtos. A diretora de marketing da cervejaria, Paula Lebbos, anunciou em  que serão paralisadas as atividades da empresa no sábado para análise de operação e processos.

Afirmou ainda que irá recolher, caso seja de interesse do consumidor, outros lotes da cerveja Belorizontina, mesmo que não sejam os lotes L1-1348 e L2-1348, a partir de segunda (13). Nesse caso, o cliente, de porte do cupom fiscal da compra, deve procurar o estabelecimento comercial onde adquiriu o produto e fazer a devolução. Ele será ressarcido no momento da devolução. 

No início da manhã   já não havia o rótulo nas gôndolas, inclusive de lotes diferentes dos apontados pela perícia da Polícia Civil. Depois da interdição, muitos estabelecimentos decidiram retirar todas as garrafas da cervejaria Backer das prateleiras, também de outros rótulos.

Alguns deles exibiam placas de promoção para outros rótulos da cervejaria —a administração dos estabelecimento, porém, alegou que o desconto não tinha relação com o episódio de contaminação.

O Supermercados BH, que vende cerca de 12 mil garrafas da cerveja Belorizontina por mês, decidiu na sexta à noite retirar também os outros rótulos da marca das gôndolas de todas as unidades da rede. 
O Carrefour, que tem 17 lojas de bairros e cinco hipermercados no estado, retirou a marca Backer das prateleiras desde o início da manhã desta sexta.

O Grupo Super Nosso vende 10 mil caixas de 12 garrafas da cerveja por mês e suspendeu as vendas da Belorizontina de todas as unidades do grupo, incluindo o Super Nosso em Casa, Apoio e Apoio Entrega (comércio eletrônico).

Os consumidores da Belorizontina que foram comprar cerveja para o fim de semana decidiram experimentar outras marcas. Foi o caso do estudante de engenharia mecânica Guilherme Lobato, que consome a Belorizontina com frequência e tem até garrafas dos lotes suspensos para consumo em casa. “Vou tentar evitar a Backer até que essa situação esteja esclarecida”, diz.

Ele tinha cerca de 20 garrafas do lote contaminado em casa e chegou a consumir algumas. “Eles anunciaram postos de devolução, mas vou esperar. De repente faço uma troca no futuro”, afirma. Guilherme é fã da marca e quer voltar a consumir, mas com cautela. “Tudo vai precisar ser resolvido com ética e segurança”, diz.

O casal de militares Filipe Eduardo Ferreira e Déborah Regina Soares Santos costumavam tomar a cerveja  duas vezes por semana. Há uma semana, tomaram 16 garrafas do rótulo com outro casal de amigos.  Mas nesta sexta escolheram outra marca no supermercado.

“Se tivesse a Belorizontina de lote diferente eu tomaria”, diz Filipe. Já Déborah está mais insegura. “Eu não tomo de nenhum lote por agora”, diz.

A cervejaria informou que os lotes L1-1348 e L2-1348 também serão recolhidos diretamente nos domicílios dos consumidores, em horário agendado. Para isso, os clientes devem ligar para o telefone (31) 99536-4042, exclusivo para esse procedimento.

A Backer está presente em 11 estados brasileiros, entre eles São Paulo, Rio, Bahia e Espírito Santo, além de Minas. A cerveja é amplamente consumida em Minas Gerais e venceu premiações internacionais, como a Copa de Cervezas de America.

Auditores fiscais federais agropecuários seguem apurando as circunstâncias em que ocorreram a contaminação. A polícia instaurou na quinta ação cautelar e informou que várias frentes de ação serão adotadas. A investigação está na fase inicial, e segundo a polícia, não há informação se foi intencional. 

​“A situação é grave, e os consumidores estão expostos a risco”, afirma Amauri da Mata, promotor do Procon Estadual.

O primeiro caso notificado data de 30 de dezembro. Todas as vítimas são homens, com idade entre 23 e 76 anos. Eles têm em comum o fato de terem frequentado recentemente o bairro Buritis, na zona oeste da capital —um dos mais populosos de Belo Horizonte, com 30 mil moradores e grande concentração de bares.

Segundo a polícia, são dez os casos de pacientes sob investigação, dos quais um culminou em morte e, os outros nove, em internação. Novos lotes da Belorizontina também estão sendo analisados. ​

Erramos: o texto foi alterado

O governo federal interditou a cervejaria Backer, e não solicitou seu fechamento, como dito anteriormente no título deste texto.

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