Ministério identifica substância tóxica em oito produtos da cervejaria Backer

Análises em laboratórios constataram 21 lotes com dietilenoglicol, aponta Mapa; polícia mira também fornecedora da fábrica

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília e Belo Horizonte

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou nesta quinta-feira (16) ter identificado a presença das substâncias monoetilenoglicol e dietilenoglicol, proibidas em alimentos, em oito produtos da cervejaria Backer.

A substância dietilenoglicol foi encontrada no sangue de pacientes que apresentaram sintomas de uma síndrome nefroneural e relatam ter consumido a cerveja Belorizontina, da empresa mineira

Já são quatro mortes investigadas pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas, de um total de 18 pacientes em apuração.  

Fábrica da Backer em Belo Horizonte; ministério identificou contaminação em mais lotes de cerveja nesta quinta (16)
Fábrica da Backer em Belo Horizonte; ministério identificou contaminação em mais lotes de cerveja nesta quinta (16) - Washington Alves/Reuters

Segundo o ministério, além das marcas Belorizontina e Capixaba, foram encontradas as substâncias tóxicas nas marcas Capitão Senra, Pele Vermelha, Fargo 46, Backer Pilsen, Brown e Backer D2. 

As análises foram realizadas em laboratórios federais de defesa agropecuária. Até esta quinta, já haviam sido detectados 21 lotes contaminados. Em todos eles, havia a presença do dietilenoglicol. Em outros oito, havia também o monoetilenoglicol.

A Policia Civil mineira passou a mirar também a empresa química fornecedora de monoetilenoglicol à cervejaria Backer. Na tarde desta quinta, policiais vistoriaram a empresa em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Documentos e produtos químicos foram recolhidos e encaminhados para a perícia. 

Um ex-funcionário da Backer e e um ex-funcionário dessa fornecedora foram ouvidos pela polícia. A instituição não deu detalhes sobre os depoimentos.

Também nova perícia na Backer foi realizada nesta quinta, com equipe de policiais, peritos e funcionários do ministério. 

À tarde, a Polícia Civil e o Ministério da Agricultura cumpriram mandados de busca e apreensão na empresa química fornecedora, localizada em Contagem. 

"Os advogados da cervejaria apresentaram o ex-funcionário da empresa química para prestar depoimentos. Eles tiveram amplo acesso à produção desta prova (depoimento), tendo, inclusive a oportunidade de fazer perguntas, levando cópias dos depoimentos", diz nota da polícia. 

Ainda segundo a policia, "tanto o monoetilenoglicol e dietilenoglicol são substâncias tóxicas e foram encontradas em todos os materiais recolhidos e analisados até o presente momento".

Em geral, o dietilenoglicol é usado na indústria como anticongelante e para evitar que os líquidos evaporem. O produto é tóxico e não deveria ter contato com a bebida, passando por cano isolado dos tanques.

Os dados foram divulgados após reunião entre membros da pasta e de outros órgãos que acompanham o caso. 

Na segunda-feira (13), o ministério já havia determinado à Backer o recolhimento de todos os produtos no mercado. O objetivo era evitar possíveis riscos aos consumidores até a conclusão das análises.

Em nota, a pasta afirma que “segue atuando nas apurações administrativas para identificar as circunstâncias em que os fatos ocorreram e tomando as medidas necessárias para mitigar o risco apresentado pelas cervejas contaminadas”. Diz ainda que a empresa deverá permanecer fechada até que tenha condições seguras de operação.

Inspeções realizadas dentro da cervejaria Backer apontaram que a água usada na produção da cerveja Belorizontina estava contaminada com dietilenoglicol e monoetilenoglicol. De acordo com o Mapa, ainda não é possível afirmar como a contaminação ocorreu. Entre as hipóteses estão sabotagem, vazamento e uso incorreto da substância durante o processo de produção. 

Ainda segundo a pasta, a contaminação não estava restrita a apenas um tanque.

A Backer ainda não se pronunciou sobre os resultados divulgados nesta quinta. Em nota, a empresa afirma que "nunca comprou e nem utilizou o dietilenoglicol em seus processos de fabricação", mas diz usar o monoetilenoglicol em processo de resfriamento dos produtos.

Diz ainda que "aguarda os resultados das apurações e continua à disposição das autoridades".

Garrafas de Belorizontina, primeira cerveja em que foram identificadas substâncias tóxicas
Garrafas de Belorizontina, primeira cerveja em que foram identificadas substâncias tóxicas - Douglas Magno/AFP

Veja a lista de lotes identificados com dietilenoglicol

Belorizontina

Lotes: L2 1354, L2 1348, L2 1197, L2 1604, L2 1455, l2 1464, L2 1593, L2 1557, L2 1604, L2 1474, L2 1546, L2 1487

Capixaba

Lotes: L2 1348

Capitão Senra

Lotes: L2 1609, L2 1571

Pele Vermelha

Lotes: L1 1448, L1 1345

Fargo 46

Lotes: L1 4000

Backer Pilsen

Lotes: L1 1549, L1 1565

Brown

Lote: 1316

Backer D2

Lote: L1 2007

Veja lista de lotes que também tinham o monoetilenoglicol

Belorizontina

Lotes: L2 1354, L2 1348, L2 1197, L2 1593, L2 1557, L2 1604, L2 1474

Capixaba

Lotes: L2 1348

Fonte: Ministério da Agricultura

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.