O sítio em Canedos, em Atibaia (64 km de SP) era onde Aparício Vallinhos guardava as histórias que costumava contar à família e aos amigos. Ele nasceu lá, no dia 2 de março de 1938.
Sabia misturar uma dose de mistério à sua doçura quando falava sobre as lendas comuns do interior paulista.
A casa de seu pai, em Bom Jesus dos Perdões (76 km de SP), era palco para os causos sobre fantasmas, almas penadas e mulas sem cabeça.
Num sítio em Nazaré Paulista (64 km de SP), as histórias tinham onças que cruzavam o caminho de alguém ou viviam nas matas e adoravam atacar o galinheiro dos vizinhos.
"Lembro dele contando seus causos, desses que a gente não sabe se aconteceu ou foi fruto da imaginação, mas o fato é que todo mundo parava para escutá-lo", diz a filha, a arte-educadora Vera Lúcia Vallinhos Valtingojer, 57.
A vida de Aparício foi uma história cheia de bons capítulos. Trabalhou como oleiro, tecelão e metalúrgico.
Em 1961, casou-se com Joana Darque e, em 1962, nasceu sua filha Vera. Em 1981, mudou-se para São Miguel Paulista (zona leste), onde morou até 1995, quando retornou a Bom Jesus dos Perdões.
Gostava de ler a bíblia, trabalhar em sua chácara e assistir a filmes de faroeste. Tocava gaita nas horas vagas. Seu prato predileto era virado de banana com queijo e café passado no coador de pano, mas nunca esqueceu dos sabores da paçoca e do pão doce com o gosto inesquecível da infância.
Aparício Vallinhos morreu no dia 17 de dezembro, aos 81 anos, em decorrência de insuficiência cardíaca. A chuva que tanto amava protagonizou a sua partida. Estava chovendo quando morreu. Deixa esposa, filha, dois netos e um bisneto.
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