O jeito delicado e diferente de incentivar as crianças a ler ficará no coração dos alunos e colegas da professora Gleide Lopes de Maria.
A luta por uma educação de qualidade foi constante nos cerca de 30 anos que lecionou nas escolas públicas de Mauá (ABC).
Nascida em Conceição (PB), aos dois anos de idade Gleide enfrentou sua primeira batalha: a poliomielite.
“Minha mãe contou que uma promessa feita a São Francisco de Assis pela minha avó a curou; ela se tornou devota do santo”, diz sua filha, a estudante de nutrição Caroline Lopes de Melo, 20.
Ainda criança, Gleide mudou-se para Mauá. O primeiro emprego foi aos 14 anos, em uma “bombonnière”. Lá, conheceu o futuro marido, que comprava doces diariamente para vê-la.
Se casou cedo, aos 18 anos. O diagnóstico de endometriose impedia seu sonho de ser mãe. A notícia da gravidez veio após 14 anos de tentativas. O médico a aconselhou a interromper a gestação, mas Gleide seguiu em frente.
Guerreira, nunca deixou de estudar e aprimorar seu conhecimento. Como professora da pré-escola, criou um método para incentivar a leitura chamado maleta de história.
“Semanalmente, uma criança da classe levava para casa uma maleta com um livro, urso de pelúcia e um formulário para anotações sobre a história lida. Tudo era compartilhado com os colegas antes que outro aluno fosse contemplado”, explica Caroline.
Em casa, foi mãe presente e participativa. Batalhou para que a filha tivesse boas lembranças da infância e da vida.
Gleide Lopes de Maria morreu dia 28 de dezembro, aos 53 anos, de amiloidose renal, que leva à insuficiência renal. Divorciada, deixa uma filha.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
Veja os anúncios de mortes
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.