Polícia de MG anuncia que mais um lote de cerveja está contaminado com substância tóxica

Outros dois lotes já tinham sido bloqueados; uma pessoa morreu e outras dez passaram mal

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Geórgea Choucair
Belo Horizonte

Mais um lote da cerveja Belorizontina, da Backer, está contaminado com substância tóxica, anunciou a Polícia Civil de Minas Gerais nesta segunda-feira (13).   

Além dos dois lotes da cerveja contaminados por dietilenoglicol —L1 1348 e L2 1348—, a polícia confirmou a presença da substância no lote L21354, do rótulo Capixaba. É a mesma cerveja Belorizontina, vendida com outro nome no estado do Espírito Santo.

Cervejaria Backer, produtora da cerveja Belorizontina, em Minas Gerais, que também teve lote da cerveja Capixaba tido como contaminado - Júnia Garrido/Futura Press/Folhapress

A bebida também teria sido contaminada por monoetilenoglicol; ambas as substâncias são tóxicas.

A substância presente em lotes da bebida pode ter relação com a morte de uma pessoa e a internação de outras dez com sintomas que incluem insuficiência renal, alterações neurológicas, vômitos e diarreias. 

O número de afetados ainda pode aumentar. A polícia investiga de seis a dez novas vítimas, inclusive uma mulher.  

“As provas que colhemos no fim de semana são alicerce do nosso trabalho investigativo. Podemos afirmar a existência da síndrome nefroneural e a compatibilidade com a contaminação por dietilenoglicol”, afirma o delegado Wagner Pinto, chefe da Polícia Civil de Minas Gerais. 

A Polícia Civil confirmou que encontrou as substâncias em material recolhido na empresa para perícia, em pontos de venda da bebida e também em garrafas lacradas que estavam em posse de consumidores.

"Trabalhamos no sábado e domingo e fomos a Brasília buscar material para tornar a investigação mais robusta”, diz Wagner. 

Os delegados dizem que ainda não é possível afirmar se foi um erro ou sabotagem. “Encontramos os elementos em toda a cadeia, mas por enquanto não é possível avaliar se houve sabotagem”, afirma o delegado da Polícia, Flávio Grossi.

A polícia informou que não há como apontar culpados ainda. “No momento, estamos fazendo as análises técnicas”, disse Flávio.

“O nosso primeiro passo é entender como se deu a intoxicação para depois buscar a responsabilidade”, diz Wagner.

A Backer já havia registrado um boletim de ocorrência contra um ex-funcionário da cervejaria, que ameaçou de morte o supervisor da empresa em dezembro do ano passado. Depois de ser informado de que seria desligado da empresa, o funcionário teria feito ameaças no interior da empresa. “Será mais uma linha investigativa a ser desenvolvida”, diz Flávio.

Grande parte da distribuição dos lotes contaminados foi na rede de supermercados Super Nosso, em lojas dos bairros Buritis e Lourdes, na Cidade Nova, em Nova Lima e em unidade na avenida Afonso Pena. A Polícia trabalha com cinco casos emblemáticos até o momento, todos com passagem pelo bairro Buritis.

Segundo a polícia, a empresa apresentou notas fiscais apenas para a compra de monoetilenoglicol. Mas a perícia da polícia constatou as presenças de monoetilenoglicol e dietilenoglicol no tanque de chiller, de resfriamento da cerveja. Em tese, as substâncias do tanque não têm contato com a cerveja.

O mapa das contaminações é todo na região de Belo Horizonte, e por enquanto ainda não há informações da polícia de casos em outros estados. O médico Thales Bittencourt, superintendente de polícia técnico-científica, disse que a variação da dose letal de dietilenoglicol é grande. 

Em um homem médio, de 70 kg, por exemplo, pode ir de 0,014 miligrama por kg a 0,170 por kg. “Ou seja, ele pode ter exposição de 1 g e evoluir ao óbito ou de 12 g e não ter sintoma”, afirma. Segundo Thales, depende da predisposição de cada pessoa. Segundo ele, em até uma semana é esperado que os sintomas comecem a aparecer.

Até o fim da tarde desta segunda-feira (13), a prefeitura havia recolhido 183 garrafas de Belorizontina que foram devolvidas por clientes. Desse total, 22 eram dos dois primeiros lotes suspeitos de contaminação. Há nove postos criados para recolher as cervejas deste rótulo pela prefeitura.

Em nota, a Backer reiterou que utiliza, exclusivamente, o agente monoetilenoglicol. A empresa pediu uma perícia independente e aguarda os resultados. O foco agora, diz a marca, está nos pacientes. "A Backer informa que vai prestar o suporte necessário, mesmo antes de qualquer conclusão do episódio. Desde já a marca se coloca à disposição para o que eles precisarem."

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