Prefeitura faz reintegração de posse de favela em bairro rico de SP

Trânsito foi bloqueado na região e passageiros de ônibus seguiram caminho a pé

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São Paulo

A Prefeitura de São Paulo fez na manhã desta terça-feira (28) a reintegração de posse do terreno onde fica a favela Coliseu —também conhecida como favela Funchal—, na Vila Olímpia, bairro rico de São Paulo que concentra arranha-céus e algumas das maiores multinacionais em operação no país.

O terreno da favela dará espaço para moradias para as famílias que já viviam ali. Os moradores despejados receberão um auxílio-aluguel de R$ 500 até que os apartamentos fiquem prontos.

A prefeitura vai construir 272 unidades habitacionais e sete pontos de comércio, ao custo de R$ 20,3 milhões. As obras devem começar em março e a previsão é de que durem dois anos.

Cerca de 270 famílias viviam na favela Coliseu antes de começar a desocupação —a construção desses prédios está prevista há 25 anos. Nos últimos tempos, eram 160 famílias no local, que receberam R$ 300 de auxílio para mudança, segundo a gestão Bruno Covas (PSDB).

A Polícia Militar acompanhou a desocupação, que ocorreu de maneira pacífica. Os moradores aproveitaram o fim de semana para se mudar —a maioria para regiões periféricas, segundo uma liderança local— e apenas cinco famílias recolhiam seus pertences nesta manhã, diz a prefeitura.

Ruas da região foram bloqueadas, o que causou forte impacto no trânsito. A avenida Faria Lima ficou travada e passageiros de ônibus seguiram seus caminhos a pé.

Na expectativa de que houvesse confronto e mais transtornos, algumas empresas da região dispensaram seus funcionários nesta terça.

A desocupação é o começo do desfecho de uma longa novela.

Em 1995, foi aprovada a Operação Urbana Faria Lima, um processo de reforma de toda a infraestrutura da região que deu ao bairro sua atual cara, com sedes de empresas e shoppings de luxo. Desde o início, a urbanização da favela Coliseu já era prevista.

Em 2012, a gestão Gilberto Kassab (PSD) anunciou a construção de um conjunto habitacional da Cohab, que deveria ficar pronto em três anos e seria tocado pela gestão Fernando Haddad (PT). O petista, por sua vez, liberou R$ 40 milhões para a obra em 2014 e desapropriou o terreno de 3.930 m² por R$ 18 milhões.

Embora não estivesse dentro do prazo prometido, o projeto já estava avançado no fim do ano passado quando foi barrado pela Eletropaulo por problemas na infraestrutura elétrica —previa a derrubada de um poste que distribui energia para a região.

Em 2017, reportagem da Folha mostrou que a gestão Doria apresentou um novo projeto para o local, cujo cronograma previa que as famílias seriam removidas em maio de 2018, e que os prédios seriam entregues até novembro de 2019.

A favela Coliseu tem cerca de 70 anos e acompanhou a transformação da Vila Olímpia de uma região de chácaras para primeiro um bairro residencial e, a partir dos anos 1990, em um importante centro financeiro da cidade.


CRONOLOGIA

Anos 1950: Primeiros moradores ocupam a região

Anos 1990: Casas do bairro começam a dar lugar a arranha-céus

1995: Prefeito Paulo Maluf (PP) cria a Operação Urbana Faria Lima

2012: Gestão Gilberto Kassab (PSD) prevê construção de moradias populares da Cohab em até três anos

2014: Gestão Haddad libera R$ 40 milhões para construção de prédios

2017: Novo projeto é apresentado pela gestão Doria (PSDB)

Mai.2018: Previsão para remoção de famílias e começo das obras, que deveriam ser concluídas até novembro de 2019

Jan.2020: Reintegração de posse é feita

Mar.2020: Previsão de início das obras, que devem ser concluídas em 24 meses
 

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