Cantora é impedida de embarcar em voo e acusa companhia aérea de racismo

Preta Ferreira foi barrada porque passagem foi comprada por outra pessoa; Gol alega "alto risco de fraude"

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São Paulo

A cantora e ativista Preta Ferreira foi impedida de embarcar em um voo de São Paulo para Salvador nesta quarta (5) e acusa a companhia aérea de racismo.

Ela relata que foi barrada no check-in porque a passagem não fora comprada por ela, mas pela agência Amplifica Music, que afirmou em uma rede social nunca ter sido questionada sobre compras semelhantes feitas para outros clientes. 

Ao chegar ao balcão, segundo a assessoria da ativista do movimento pró-moradia, a Gol afirmou que teria que confirmar a autenticidade da compra e teria ligado para a empresa dona do cartão. Mas não liberou o check-in alegando que o telefone informado, um celular, era suspeito e não garantia a lisura da compra, diz a assessoria. 

A cantora, com show marcado, teve que comprar outra passagem para viajar no mesmo voo, e a companhia a orientou a entrar em contato com o serviço de atendimento ao cliente da empresa para solicitar reembolso. Ferreira diz que pretende processar a Gol. 

“Sim, sou mulher preta, tenho empresário, vou para Salvador fazer show, fazer palestra. E é isso, mais uma vez a mulher preta sendo perseguida”, afirmou Ferreira em vídeo publicado em rede social logo após o incidente. 

A Gol afirmou que a passageira não pôde realizar o check-in “antes da verificação dos documentos fornecidos na compra do bilhete pelo fato de nenhum dos nomes envolvidos ser titular do cartão de crédito utilizado.”  

A ativista e cantora Preta Ferreira
A ativista e cantora Preta Ferreira - Mathilde Missioneiro - 15.jan.2020/Folhapress

Para justificar o procedimento, cita o contrato de transporte aéreo da companhia no qual é dito que, para confirmar a regularidade de compra feita por terceiros, “o passageiro deverá informar um telefone (preferencialmente fixo) para que seja efetuado contato com o titular do cartão de crédito no momento do check-in.” 

O texto diz que o procedimento pode ser adotado “para fins de eventual confirmação da regularidade de compras efetuadas por intermédio de cartões de crédito e/ou da segurança dos dados dos passageiros e adquirentes das passagens aéreas”. 

O cliente será impedido de viajar caso "não seja possível ter evidências seguras de vínculo" com o pagante. A companhia não informou se conseguiu entrar em contato com a Amplifica Music. 

Questionada sobre a quais situações a regra se aplica, a Gol afirmou que toda compra de bilhete passa por uma atribuição de análise de risco, que considera, por exemplo, antecedência de compra em relação à data do voo, falta de histórico anterior de compra e valor da passagem. Mas não explicou em qual categoria Ferreira se enquadrava. 

Segundo a companhia, para cada 100 conferências, cerca de cinco vão para um processo de análise manual, e dessas, uma parte menor segue para conferência no check-in. 

Diz que a situação vivida por Ferreira trata-se de “procedimento corriqueiro para passagens compradas que tinham características de alto risco de fraude”, que não é um padrão adotado com todos os passageiros que têm passagens adquiridas por terceiros. Cerca de 50 passam pela checagem por dia, segundo a empresa. 

A companhia diz que “a prática não tem qualquer ligação com atos de racismo, sendo uma política de segurança aplicada em casos em que a compra é efetuada com cartão de crédito de terceiros” e que o procedimento visa “a proteção do portador do cartão de crédito”. 
 

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