Cedae diz que abriu investigações internas sobre qualidade da água no Rio

Companhia estadual afirma que agiu preventivamente ao parar tratamento por 15 horas após notar detergente

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Rio de Janeiro

Além de ter virado assunto de polícia, a água que abastece grande parte da região metropolitana do Rio de Janeiro também tem passado por uma investigação interna no último mês.

Questionada, a companhia que é responsável pelo seu tratamento e distribuição, a Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto), disse nesta terça (3) que criou duas comissões: uma para apurar a presença de geosmina (que causou gosto e cheiro de terra) e outra para apurar a turbidez no líquido que tem chegado à casa dos fluminenses.

“Estamos em fase de oitivas [depoimentos]. É uma prática interna que a gente usa para vários eventos. Inclusive contratamos empresas terceirizadas para nos apoiar principalmente na questão da turbidez”, afirmou o presidente da estatal, Hélio Cabral, à imprensa.

Filtro de água com um copo de água transparente e outro com água turva
MP-RJ quer que a Cedae divulgue na internet informações sobre a qualidade da água; água tem chegado com turbidez às casas dos cariocas - AM Press & Images/Folhapress

Segundo ele, a medida foi tomada na primeira semana da crise, em 8 ou 9 de janeiro, quando se espalharam os relatos de características estranhas na água. Ele declarou que as investigações têm acontecido em sintonia com a Polícia Civil e que não é possível estipular um prazo para sua conclusão.

A entrevista coletiva foi convocada às pressas, depois de uma noite em que a companhia decidiu fechar as comportas e suspender o tratamento de água na sua principal da estação, a Guandu, abrindo um novo capítulo para a crise.

A paralisação durou cerca de 15 horas (das 19h de segunda às 9h de terça) e foi adotada depois que a companhia detectou a presença de detergentes na água no sistema de captação. Isso causou desabastecimento nas torneiras de alguns bairros.

A Cedae alegou que optou por agir preventivamente nesse caso, evitando que o detergente chegasse ao sistema de distribuição. “Trabalho aqui há 14 anos e nunca tinha visto esse material entrar na estação”, disse Alexandro Pereira da Silva, analista de qualidade do Guandu.

Ele explicou que, quando o detergente foi notado —fotos internas mostram grandes acumulados de espuma—, as medidas tomadas foram parar o sistema, descartar a água afetada e então começar um monitoramento constante, de 30 em 30 minutos. Às 2h30 a substância ainda foi detectada; às 3h, não mais. A análise continuou e, às 9h, a empresa decidiu voltar a operar.

O Inea (Instituto Estadual de Meio Ambiente) afirmou que, além de monitorar a água, está fazendo vistorias nos empreendimentos do entorno da área de captação que podem ter feito o descarte irregular do detergente.

A Polícia Civil, segundo a Cedae, também foi avisada imediatamente e visitou a estação de helicóptero, de carro e de barco. Pela manhã, peritos coletaram amostras da água junto ao Inea e outros órgãos.

Segundo a delegada Josy Lima, não há previsão para o resultado "porque a análise é demorada". No dia 16 de janeiro, investigadores já haviam visitado a estação por causa dos relatos de moradores que estavam recebendo água com cheiro e gosto de terra e, em alguns casos, turva.

​Ela afirmou que o inquérito está sob sigilo, por isso não pode responder se a polícia ainda investiga a possibilidade de sabotagem de ex-funcionários para prejudicar a companhia, por exemplo —hipótese levantada pelo governador Wilson Witzel (PSC) semanas atrás.

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