Descrição de chapéu Alalaô

Com queda de 11% nos blocos autorizados, Rio não fará repressão aos clandestinos, diz prefeitura

As autoridades deram aval a 441 cortejos de 387 grupos; é tradição local, contudo, a saída de vários sem autorização oficial

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Rio de Janeiro

Os blocos clandestinos, que todo ano levam milhares às ruas cariocas, não serão tolerados neste ano, mas não haverá repressão policial a eles, só multa posterior, segundo a Prefeitura do Rio

As autoridades deram aval a 441 cortejos de 387 grupos (alguns desfilam mais de uma vez). É tradição local, contudo, a saída de vários deles, de forma espontânea ou planejada, sem autorização oficial. 

É o caso do Boitolo, que atrai uma multidão para o centro da cidade no domingo carnavalesco. Alguns se definem como secretos, por só informarem ponto de partida, horário e dia às vésperas do evento.  

Segundo o secretário municipal de Eventos, Felipe Michel, as sanções serão sobretudo financeiras e calculadas, por exemplo, a partir da quantidade de lixo retirado pela Comlurb, a agência pública responsável pela coleta no Rio. As multas começam em R$ 1.300.

O secretário disse à Folha que o setor de inteligência da Prefeitura já está mapeando quem pretende pôr o bloco na rua sem o OK deles.

Será um "Carnaval de paz, sem repressão, mas que quer priorizar a segurança dos foliões e da população do entorno", afirma. 

Cortejo desautorizado "não quer ordem, ele quer baderna, não quer segurança. Quer repressão no momento pra causar mal estar à nossa cidade. Mas será só punido", diz. 

"São clandestinos, a palavra já resume", completa o presidente da Riotur (agência municipal de turismo), Marcelo Alves. "Bloco irregular quebra completamente o planejamento, não é enviada nenhuma estrutura."

Michel participou nesta quarta (12), ao lado do prefeito Marcelo Crivella e de Marcelo Alves, de uma entrevista para falar sobre os números da folia de 2020. A quantidade de cortejos permitidos pela Prefeitura diminuiu 11% em relação a 2019, com 57 saídas a menos. 

Há oito megablocos (com mais de 250 mil foliões previstos), entre eles o Bloco da Anitta e o Fervo da Lud, da funkeira Ludmilla —que inaugurou o pré-Carnaval no Rio com um show na praia de Copacabana, em janeiro, que terminou com correria e bombas de gás na dispersão.  

Não há crise na água e na segurança pública capaz de frustrar as projeções municipais para o quórum carnavalesco da cidade. 

A Riotur estima a vinda de 2 milhões de turistas, contra 1,6 milhão do ano passado. Alves diz que a ocupação da rede hoteleira para o período já está em 82,5%, aumento de 4,5% em relação à mesma temporada de 2019, e que pode chegar a 100%. 

Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal e sobrinho de seu líder, Edir Macedo, encerra seu primeiro mandato sem participar do Carnaval carioca. Na véspera, o prefeito descartou uma ida ao desfile das escolas de samba assim: “Só não posso vir sambar porque não sei sambar”.

Boa parte do segmento evangélico condena a participação nesta festa considerada um antro de perdição, ainda que blocos voltados a louvar Jesus Cristo venham ganhando força nos últimos anos.

Na quarta, lembrou que teve um samba gospel seu, "Gente Fina", cantado por Bezerra da Silva quando o sambista famoso por versos como "vou apertar, mas não vou acender agora" já se convertera à Universal. 

"Não saber sambar não quer dizer que não gosta", diz Crivella. "Quero ver se teve outro prefeito [regravado por Bezerra]."

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