Crise da água faz Rio adiar início das aulas na rede municipal

Fornecimento nos colégios municipais foi prejudicado pela presença de detergente no rio Guandu

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Rio de Janeiro

A Prefeitura do Rio de Janeiro decidiu adiar o início do ano letivo na rede municipal por causa da suspensão das operações na estação de tratamento de água do Guandu, ocorrida nesta segunda-feira (3) após a detecção de detergente na água.

As aulas seriam reiniciadas nesta quarta (5), mas os alunos só devem voltar às salas na quinta (6).

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a decisão foi tomada porque muitas das mais de 1.500 escolas municipais estão sem água.

Escola municipal Brandão Monteiro, no Complexo da Penha (zona norte do Rio)
Escola municipal Brandão Monteiro, no Complexo da Penha (zona norte do Rio) - Arthur Lucena - 17.ou.2018/Valores da Penha

A interrupção foi anunciada no fim da tarde, como medida preventiva após a detecção de elevada concentração de detergente no Sistema Guandu, que abastece cerca de nove milhões de pessoas na região metropolitana do Rio —70% da população da área.

Por volta das 9h desta terça (4), as operações foram retomadas, mas a Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) deu um prazo de 72 horas para que o abastecimento esteja completamente restabelecido.

Diante da falta de água, a Agenersa (agência que regula os serviços de energia e saneamento do estado) decidiu impor prioridades no abastecimento —em primeiro lugar, devem ser atendidos hospitais e unidades de saúde, escolas, creches, unidades de tratamento de idosos, presídios e "demais áreas sensíveis.

Se necessário, diz a agência a Cedae deverá usar carros-pipa. A empresa terá também que enviar relatórios diários sobre o abastecimento e realizar manobras na rede para reorganizar o abastecimento à população.

Há cerca de um mês a região metropolitana do Rio convive com problemas na qualidade da água, que sai das torneiras com gosto e cheiro de terra, resultado da presença da substância geosmina no reservatório.

O problema levou à demissão do diretor de Saneamento e Grande Produção da estatal, Marcos Chimelli, e é alvo de investigações da Polícia Civil. Nesta terça, agentes estiveram na Cedae para apurar também a presença do detergente no sistema.

Em parceria com o Inea (Instituto Estadual do Meio Ambiente), coletaram amostras da água para tentar identificar a origem do produto. A delegada Josy Lima, porém, disse que não há previsão para o resultado das análises.

A crise da água resultou em derrota importante na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) para o governador Wilson Witzel, que teve rejeitada uma indicação para a Agenersa (agência que regula os setores de energia e saneamento no estado).

A Comissão de Normas Internas e Proposições Externas da Alerj avaliou que o indicado, Bernardo Pegoraro, não cumpre os requisitos mínimos para ocupar o cargo, já que não comprovou dez anos de experiência em área compatível com as atribuições.


Entenda a crise da água no RJ

Primeiras reclamações

Dias após o Revéillon, moradores começam a relatar que a água das suas casas está com gosto, cheiro de terra e/ou barrenta, principalmente nas zonas norte e oeste do Rio
 

Cedae fala

Em 7 de janeiro, estatal divulga nota dizendo que alterações foram causadas pela geosmina, substância orgânica produzida quando há muita alga e bactéria na água, e que ela não faz mal à saúde
 

Carvão ativado

Dois dias depois, companhia anuncia a compra de um equipamento que usa carvão ativado para reter a geosmina logo no início do tratamento, utilizado também por estados como SP e RS
 

Corrida por água mineral

Crise se espalha para toda a cidade e compra de água mineral aumenta nos supermercados; até hoje consumidores encontram prateleiras vazias em alguns pontos de venda
 

Cedae pede desculpas

Cerca de 10 dias após a crise, em 15 de janeiro, presidente da Cedae vai a público pela primeira vez, se desculpa e afirma que situação será normalizada em breve
 

Especialistas questionam

No mesmo dia, UFRJ divulga nota técnica dizendo haver uma ameaça real à segurança hídrica da região metropolitana e criticando falta de transparência da Cedae
 

Impacto na conta

Após questionamentos da Defensoria Pública, órgãos se reúnem para discutir compensação na conta de água pelos transtornos aos consumidores; acordo ainda será redigido
 

Nova crise

Um mês após o início da crise, na segunda (3), Cedae afirma que identificou detergente na água captada pela estação Guandu e fecha as comportas por 15 horas
 

Escolas adiam aulas

Prefeitura do Rio adia aulas por causa do desabastecimento em "muitas" das 1.500 escolas da rede municipal; ao invés de voltar nesta quarta (5), alunos voltarão na quinta (5)

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