Descrição de chapéu Alalaô

Golpes como o Boa noite, Cinderela e o da troca de cartão preocupam foliões neste Carnaval

Pessoas em multidões entusiasmadas são alvos fáceis para golpistas que oferecem drinques com entorpecente e até alteram valores de compras

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Rio de Janeiro

A estudante Renata, 22, era chamada de “tourinha” pelos amigos por ser forte, “inclusive entre os meninos”, na hora de virar o copo.

Com 1,78 m, aguenta beber bem. Lembra da noite em que tomou 15 chopes e fez uma prova na faculdade horas depois, “só levemente altinha”.

Até que, num bloco na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), no Carnaval passado, apagou após três bicadas na caipirinha de morango. Ela até hoje não sabe bem o que aconteceu, só tem certeza que alguém colocou algo em sua bebida. Se foi o homem da barraca que vendia o drinque a R$ 10 ou o rapaz que a acompanhava, aí já não saberia dizer.

Há um ano, Renata, que prefere omitir o sobrenome “porque poucas amigas sabem”, acordou em seu quarto sem entender como parara ali. Tinha marcas roxas no joelho e uma sensação estranha. 

Perguntou ao acompanhante, um jovem com quem ficara uma vez, e ele disse que os dois se perderam no começo do bloco, pouco depois de ele entregar a caipirinha a ela.

Renata ficou com tanta vergonha que não foi ao hospital nem à delegacia, mas desconfia que tenha sido vítima de abuso sexual. “Cheguei em casa e carteira, dinheiro, estava tudo ali, mas ainda assim... Não digo que teve penetração, mas eu tava com marca de chupão, e sempre odiei chupão, jamais toparia.”

O trauma ressurgiu após ler relatos de pessoas que também teriam passado por um “boa noite, Cinderela”, desta vez no pré-Carnaval de 2020.

Caso da farmacêutica Marcella Figueiredo, 30. “Só me toquei quando acordei na UPA [Unidade de Pronto Atendimento]”, ela diz sobre o blecaute que sofreu após beber uma cerveja num bloco em Santa Teresa em janeiro.

A história coincide com a de outras nesta temporada: compraram cerveja de um ambulante que teria insistido para abrir a garrafa. Desmaiaram após alguns goles.

“Não tem como passar mal daquele jeito só com umas cervejas. Tinha me alimentado e hidratado”, diz a farmacêutica, que não sabe foi alvo por um visual que chama a atenção.

Usava pochete, meião, bermudinha, top —todos rosas, cor que esta pernalta (grupo que se equilibra em pernas de pau) privilegia no Carnaval.

Marcella acha que não sofreu achaque porque foi logo acudida por amigos, que a levaram inconsciente de táxi até a UPA, onde tomou soro. Ela fez boletim de ocorrência.

Multidões na rua, ébrias boa parte do tempo, viram alvo fácil para golpes de Carnaval. Alguns clássicos: troca de cartão na hora da compra e valor alterado.

Foi nesse último que o estudante Bruno, 17, quase caiu em 2019. Já “mais doido que o Batman”, procurou um ambulante que aceitasse cartão porque o dinheiro acabara.

Achou uma pechincha as três latinhas de cerveja por R$ 10. No último segundo, a namorada começou a gritar com o vendedor: ele estava cobrando R$ 1.000.

“O cara se desculpou, disse que o botão do zero às vezes emperrava e saía a mais”, diz Bruno, cujo nome completo foi omitido por ser menor de idade. “Só que a gente cansa de ouvir falar desse esquema.”

Outro truque manjado, mas que ainda acontece: a pessoa tecla a senha, e o vendedor decora. Devolve o cartão de outro e corre para gastar com o da vítima antes que ela note.
Os bancos ainda alertam para golpistas que estendem a máquina ao cliente sem digitar valor. Se o consumidor não percebe, digita a senha, e ela fica exposta. É só trocar o cartão e torrar com o roubado.

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