Alguns professores deixam uma marca indelével em seus alunos, capaz de movê-los mesmo na idade adulta. Maria Regina Goloni Preto Rodrigues deixou a sua em duas gerações.
Performática e irreverente, fez as aulas de geografia no colégio Bandeirantes memoráveis, em uma época em que não havia recurso tecnológico em sala para atrair a atenção dos adolescentes a países e crises políticas distantes.
Cumpriu tão bem a missão que suas aulas de geopolítica alimentaram o interesse pelo tema em dois futuros editores de Mundo desta Folha, além de um colunista.
Nos corredores da escola de São Paulo, o mapa transformava-se numa bazuca com a qual Regina simulava atingir os alunos. Era difícil desviar a atenção da professora que dançava frevo e criava o próprio jargão para fixar temas espinhosos.
“Ela pendurava o mapa na lousa e dizia tic tic olha para o mapa!”, conta a filha, a procuradora federal Fernanda Goloni, 40, que também foi sua aluna no ensino médio. Por se referir aos alunos como “tic-tic”
ganhou o mesmo apelido.
Nascida em Potirendaba (432 km de SP), mudou-se para a capital paulista ainda criança. Ao lecionar para o supletivo, conheceu o futuro marido e conseguiu emprego no colégio Bandeirantes.
Regina era amada pelos alunos e por muitas vezes foi escolhida como paraninfa e homenageada. “Ela acordava cantando. Sempre foi muito ativa, dinâmica e bem humorada”, relata Fernanda.
Mística, adorava gatos, sabia benzer e distribuía orações a quem necessitasse.
Mas a agilidade mental que marcou suas aulas começaria a se dissipar. Aos 62, recebeu o diagnóstico de Alzheimer. O esquecimento atrapalhou o trabalho, e ela se afastou.
Maria Regina Goloni Preto Rodrigues morreu dia 2 de fevereiro, de parada cardíaca.
Deixa marido, duas filhas e dois netos, além de uma legião de ex-alunos que encheram as redes sociais de
homenagens e lembranças.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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