A praia de Iracema, de Fortaleza (CE), foi testemunha do início da história de amor entre o escritor Manuel do Carmo Casqueiro e a assistente social Maria Girlane Nobre de Souza, 60.
Em 1978, o calçadão da praia foi o cenário no qual, durante uma caminhada, se conheceram. Da troca de olhares para o casamento foi um pulo.
Manuel nasceu em Guiné-Bissau, na África. Lutou nas guerras de libertação de Angola nos anos 1970, reuniu suas memórias e mudou-se para o Ceará.
Na capital cearense, trabalhou muitos anos no setor de turismo e, depois de aposentado, começou a escrever sobre sua vida na África.
A paixão pela escrita virou profissão. Suas anotações deram vida a quatro livros que, de certa forma, retratam a vida em Guiné-Bissau.
As obras trazem a criatividade de Manuel misturada a narrativas mitológicas do continente, com histórias de sua vida e de terceiros.
O último livro ainda não foi publicado, o que será feito pela família. Entre seus feitos para a cultura, criou a Academia Afro-Cearense de Letras, para o estudo da literatura africana.
“Ele era uma biblioteca. Sabia tudo. Inteligente e culto, tinha o cuidado de usar as palavras sem machucar ninguém”, diz a esposa Maria Girlane.
Os dois viveram quase 40 anos juntos. “Manuel era apaixonado pela vida, sensível, carinhoso e atencioso. Eu fui a primeira paixão dele e a literatura, a segunda”, afirma.
“Ele ensinou a família e amigos a nunca aceitarem o preconceito e assumirem a africanidade que mora em nós.”
Manuel do Carmo Casqueiro morreu dia 7 de fevereiro, aos 73 anos, após um quadro infeccioso. Deixa esposa, dois filhos e três netos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
Veja os anúncios de mortes
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.