Mesmo após 54 anos de casamento, Antonio Banhara tratava a esposa como namorada. O poeta Vinicius de Moraes fazia a trilha sonora aos domingos, quando a professora Ditinha Banhara, 78, ganhava flores do marido.
No celular de Antonio moram as lembranças de quando viajavam ao litoral paulista. "Na praia, ele tirava várias fotos da minha mãe tomando água de coco enquanto apreciava o mar", diz a filha, a jornalista Angélica Banhara, 53.
Antonio nasceu em Vera Cruz (a 421 km de SP). Era filho de descendentes de imigrantes italianos e o mais velho de cinco irmãos.
Os pais trabalhavam com plantação de café. Naquela época, as crianças aprendiam cedo as dificuldades da vida. Antonio começou a estudar aos dez anos. Como não tinha sapatos, andava quilômetros descalço até a escola.
Anos depois, mudou-se com a família para Tupi Paulista (a 646 km de SP), onde cursou técnico em contabilidade.
Em 1961, prestou concurso e entrou no Banco do Brasil, na cidade de Adamantina (a 578 km de SP).
Estudou economia e se profissionalizou. De contínuo, chegou a gerente de uma agência em Campinas (a 93 km de SP). Namorou com Ditinha por três anos até se casarem, em 1965.
Quando se aposentou, tomou gosto por caminhadas. Diariamente, andava 1h30. Antonio gostava de rotinas. Indicava o local dos objetos guardados com post-it amarelo. Valorizava a honestidade, que ensinou aos filhos e netos. "Tem que fazer o que é certo, mesmo que ninguém esteja olhando", dizia.
Antonio Banhara morreu dia 7 de fevereiro, aos 79 anos, de câncer no pulmão e nos ossos. Deixa a esposa, quatro filhos e seis netos.
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