A assistente social Marilda Rodrigues, 59, tinha 22 anos quando conheceu Francisco José de Oliveira, o Chiquinho, no auge do movimento sindical, na década de 1980.
Ela era apenas uma menina e ele estava à frente da direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.
"Foi amor à primeira vista", diz Marilda ao lembrar do companheiro de 35 anos.
Chiquinho era conhecido por sua luta contra a ditadura militar.
Em 1961, foi preso pela primeira de muitas vezes. Em uma delas, dividiu a cela com o então também sindicalista Lula.
"Em 1985, ele ainda apanhava dos policiais por causa das greves e me dizia para procurá-lo no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) caso não voltasse até determinado horário", relata Marilda.
Na época, Chiquinho chegou a esconder em sua casa, no Imirim (zona norte), políticos e sindicalistas.
Tio Chico, como eu o chamava, era leitor voraz de jornais como Agora e Folha, e dizia ser fã desta repórter. Até recortava e guardava as reportagens.
Para os filhos, é um herói. "Exemplo de honestidade", afirma Izabela, 28, sua caçula. "Ele nos levava ao sindicato, nunca nos deixou faltar nada", diz Debora, 50, a primogênita. "Aprendi tudo com ele, a educar, a respeitar e a amar. Esse é o seu legado, o amor", conta a filha Andreia, 48.
Chiquinho morreu no dia 29 de janeiro, aos 81 anos, de ataque cardíaco.
Foi no dia do aniversário de sua tia Carmélia, que ajudou a criá-lo após a morte de sua mãe, dias depois de dar à luz ele, em São João do Piauí (PI). Francisco José de Oliveira deixa a mulher, quatro filhos e cinco netos.
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