Veja como falar sobre abuso sexual com crianças

Mudança de humor e de apetite podem ser sinais de que elas são vítimas

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São Paulo

Como abordar e orientar uma criança sobre um assunto tão sério e cada vez mais atual, que é o abuso sexual?

Especialistas ouvidos pela Folha dão dicas sobre como deve ser a conversa.


– Ensinar desde os primeiros anos de vida da criança sobre conceitos de autoproteção e intimidade, de acordo com cada faixa etária. Deixar claro, por exemplo, que o corpo é dela e que não pode ser tocado sem consentimento;

– Começar explicando os nomes de órgãos genitais, sem tabu, que se tratam de partes íntimas e que é preciso saber dizer não. Mais à frente, aprofundar explicações sobre corpo, sexualidade e violações e explicar sobre leis que tratam do assunto e os resguardam;

O professor Ivan Secco, preso em operação contra pedofilia em São Paulo
O professor Ivan Secco, preso em operação contra pedofilia em São Paulo - 18.fev.2020/Reprodução

– Falar sobre o abuso de forma indireta e lúdica, evitando alarmismo. Usar materiais didáticos, livros com imagens, vídeos (não agressivos ou explícitos), histórias com lições e brincadeiras (com fantoche, por exemplo) para abordar o tema;

– Explicar que nem sempre o abuso é físico, caso do compartilhamento ou recebimento de fotos íntimas sem consentimento, e falar sobre formas de se prevenir;

– Estabelecer uma relação de confiança e acolhimento com a criança e nunca minimizar ou desvalorizar o que fala para que não se sinta inibida a relatar um caso de abuso. Deixar claro que a culpa nunca é dela;

– Sinais como mudança de comportamento e de humor, sonolência excessiva, alterações no apetite, comportamentos sexuais inadequados para a idade (desenhos muito sexualizados ou masturbação frequente, por exemplo), medo de pessoas ou de ir a certos lugares e ferimentos no corpo podem indicar que criança é vítima de abuso. É preciso ficar atento a variações;

– A escola também deve ser responsável por observar as atitudes da criança, já que muitos casos de abuso são cometidos dentro de casa. Os educadores também podem ter mais facilidade em detectar casos do tipo devido à experiência pedagógica;

– Caso a suspeita sobre o abuso aumente ou ele seja comprovado, buscar um especialista para conduzir a escuta da criança de forma adequada, evitando a sua revitimização (ou seja, ter que repetir diversas vezes a mesma história para pessoas diferentes), e fazer o encaminhamento do caso.

Fontes: Jairo Bouer, psiquiatra e especialista em sexualidade; Nicole Campos, gerente de programas da Plan International; Roberta Rivellino, presidente da Childhood Brasil; Victor Graça, gerente executivo da Fundação Abrinq 

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