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Brasil de hoje não permite descanso ao feminismo, diz Ruth Manus

Escritora participou de conversa aberta ao público com a atriz Bruna Lombardi em evento promovido pela Folha

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São Paulo

A advogada e escritora Ruth Manus falou para uma plateia cheia de mulheres em evento promovido pela Folha na terça-feira (10), em São Paulo. No palco, a atriz Bruna Lombardi e a jornalista Fernanda Mena, repórter especial da Folha. Na pauta, os desafios e inquietações da mulher do século 21, as responsabilidades do feminismo no Brasil de hoje e outras questões presentes no livro "Mulheres Não São Chatas, Mulheres Estão Exaustas", escrito por Ruth.

A ideia para o livro surgiu a partir da percepção de que muitas mulheres consideradas chatas estão na verdade sobrecarregadas pelos diversos papéis que exercem como mães, filhas, esposas, namoradas e profissionais. "Virou uma válvula de escape para os homens, porque parece que 'chata' é uma crítica leve, menos agressiva, mas não é", disse a autora.

A escritora Ruth Manus participou de bate-papo aberto ao público com a atriz Bruna Lombardi. Debate foi promovido pela Folha em parceria com a editora Sextante. - Reinaldo Canato / Folhapress

Para a atriz Bruna Lombardi, os adjetivos ganham pesos diferentes de acordo com o gênero. "Se um homem é durão, ele é bárbaro; se a mulher é durona, ela é uma bitch [vadia]".

Para Fernanda Mena, o feminismo deu "novos óculos" às mulheres. "A gente não consegue mais enxergar as relações pessoais sem questionar as relações de poder e de opressão que estão implícitas."

A percepção foi endossada por Ruth. A autora defendeu que, no Brasil, o feminismo não tem tempo para descansar. "O problema é quando a aberração se torna habitual. A gente tem que continuar horrorizada, transtornada e berrando de alguma forma."

A escritora defendeu que as pessoas não tenham receio de desfazer amizades se for necessário. "Se a gente descobre no nosso meio pessoas que defendem tortura, nazismo, racismo, é até surreal. Tem que fincar o pé e comprar briga."

Bruna Lombardi disse que sonha com um mundo em que o feminismo não seja necessário. A atriz exaltou conquistas históricas das mulheres, como o direito ao trabalho e ao voto e relembrou o período da Inquisição, em que mulheres eram queimadas vivas quando eram consideradas hereges pela Igreja.

"Estaríamos sendo queimadas se não tivéssemos lutado tanto. A determinação de continuar nessa posição é para saber que a gente nunca mais vai voltar para a fogueira", afirmou Bruna, muito aplaudida pelo público presente.

O evento, que ocorreu no Teatro Folha, foi uma parceria do jornal com a Editora Sextante. Assista ao vídeo abaixo:

Mulheres Não São Chatas, Mulheres Estão Exaustas

  • Preço R$ 36,90 (192 págs)
  • Autoria Ruth Manus
  • Editora Sextante
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