A Riotur, empresa municipal de turismo do Rio de Janeiro, é alvo nesta terça-feira (10) de operação do Ministério Público para investigar o pagamento de propina na gestão Marcelo Crivella (Republicanos).
O alvo principal da operação é o presidente da empresa, Marcelo Alves. Ele é irmão de Rafael Alves, apontado em delação premiada de Sérgio Mizrahy como o responsável por criar um “QG da propina” na Riotur.
Os agentes do MP-RJ cumprem 17 mandados de busca e apreensão expedidos pelo 1º Grupo de Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Rio. As ordens foram emitidas pela segunda instância porque Crivella é um dos investigados.
Além da Riotur, os agentes foram às residências de Marcelo e Rafael Alves. "Em razão do sigilo das investigações não é possível fornecer mais informações para não prejudicar o andamento da fase apuratória", diz nota da Promotoria.
Mizrahy disse em sua delação que Alves cobra propina de empresas contratadas pelo município ou que têm dívidas a receber do município de gestões anteriores. O agiota disse que recebia cheques do empresário recebidos como vantagem indevida para trocar por dinheiro vivo.
O delator, apontado como agiota da zona sul carioca, não entregou evidências do envolvimento direto do prefeito em seus anexos oferecidos aos procuradores e homologado pela Justiça. Mas a proximidade de Rafael Alves com Crivella colocou o bispo licenciado da Igreja Universal como um dos alvos da apuração. A apuração tem fotos dos dois caminhando e conversando na Barra, onde moram.
Alves foi doador de campanha do PRB, antigo nome do Republicanos, desde 2012. Tanto a sigla como Crivella receberam do empresário R$ 745 mil nas eleições de 2012 e 2014.
Na eleição de 2016, quando Crivella foi eleito, ele não apareceu como doador na prestação de contas do prefeito; mas, segundo relatos feitos à Folha, atuou como arrecadador para a campanha.
Após a vitória, ganhou um afago: foi convidado por Crivella para uma viagem a Israel.
Na administração atual, a Riotur é sua área principal de influência. O órgão é responsável por organizar o desfile no Sambódromo, espaço no qual Rafael, ligado a escolas de samba, transita com facilidade. A empresa também organiza as festas de Réveillon.
Segundo relatos, Rafael se comporta como se fosse o verdadeiro presidente da Riotur. Ele tem uma sala na sede de empresa municipal, fica rodeado de seguranças na pista da Sapucaí e distribui para amigos coletes destinados aos que trabalham na supervisão do desfile.
A relação do empresário com o prefeito não é sempre harmônica. Ele tentou, sem sucesso, convencer Crivella a não retirar o apoio financeiro de R$ 2 milhões que o município dava a cada escola de samba. Ao mesmo tempo, conseguiu manter sob seu domínio a Riotur mesmo após a criação da Secretaria de Turismo, entregue ao PP.
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