António Louro era engenheiro, mas apaixonado por pintura, dança e todo tipo de arte e cultura.
Frutas e vinho protagonizavam quase todos os encontros com o amigo, o livreiro José Carlos Rodrigues, 64. Ambos se conheceram na Eco-92.
"Ele era uma das pessoas mais inteligentes que conheci na vida. Morou em vários países e falava muitos idiomas. Entre seus feitos, ajudou na construção da banca de livros Árvore do Saber, localizada no bairro da Glória, Rio de Janeiro" afirma José.
Nascido em Rosmaninhal, em Portugal, António mudou-se para o Rio de Janeiro aos 30 anos. Lá, conheceu a esposa, a advogada Marlene Louro, 80. O casamento durou 54 anos, até sua morte.
Sua vida foi marcada por conflitos. Atuante no movimento cultural antifascista de Portugal, lutou contra o colonialismo português pela libertação do povo de Angola.
No Brasil, foi apanhado pelo golpe militar, detido, enviado para a prisão e torturado em virtude da luta antirracista contra o imperialismo português na defesa da libertação das colônias portuguesas. Também lutou contra a ditadura brasileira.
António fundou a Fist (Frente Internacional dos Sem Teto), no Rio. "Ele foi pioneiro do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto do Rio de Janeiro e cooperou com o Movimento Nacional de Luta pela Moradia e a Central de Movimentos Populares em todo o país.
Ele estava nas primeiras ocupações urbanas no Rio, nas ruas Mem de Sá e Riachuelo", afirma André de Paula, 70, advogado e membro da coordenação da Fist.
Nos últimos tempos, passava o tempo na Fist e com leituras. Marlene resumiu sua missão em amor ao próximo. António Louro morreu no dia 23 de fevereiro, aos 93 anos, de pneumonia. Deixa a esposa.
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