Peça de metal cai do alto do monotrilho de SP, que continua paralisado

Metrô diz que vai responsabilizar construtora pelos problemas causados

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Peça de pneu do monotrilho de São Paulo cai do alto sobre a avenida Sapopemba, na zona leste
Peça de pneu do monotrilho de São Paulo cai do alto sobre a avenida Sapopemba, na zona leste - Reprodução
São Paulo

O estouro do pneu que paralisa a linha 15-prata do monotrilho de São Paulo desde o último fim de semana lançou do alto da estrutura, que fica elevada, uma placa de metal que caiu na avenida Sapopemba, na zona leste da cidade.

O monotrilho anda sobre uma estrutura elevada, com até 15 metros de altura. O veículo, diferentemente dos metrôs convencionais, roda sobre pneus de borracha. Na manhã da última quinta-feira (27), um desses pneus se rompeu.

Dentro dos pneus há uma estrutura chamada "run flat", de metal, que garante a movimentação do trem em casos de anormalidades (se o pneu furar ou murchar, por exemplo). Imagens reveladas pelo portal Diário do Transporte e cuja autenticidade foi confirmada pela Folha mostram que uma dessas peças, que é pesada, caiu na avenida Sapopemba, colocando quem passava por ali em risco.

Em nota, o Metrô, que opera a linha 15-prata, diz que "apesar de o sistema monotrilho ter sido projetado e concebido com uma tela que recobre toda via, para evitar ocorrências deste tipo, houve este caso pontual."

Peça de pneu do monotrilho de São Paulo cai do alto sobre a avenida Sapopemba, na zona leste
Peça de pneu do monotrilho de São Paulo cai do alto sobre a avenida Sapopemba, na zona leste - Reprodução

A linha, que liga a Vila Prudente a São Mateus, na zona leste, está fechada desde o fim de semana e não há previsão para que volte a operar, justamente por causa da falha da última semana.

O Paese (sistema de emergência da SPTrans) foi acionado para atender os usuários do monotrilho com uma frota de 60 ônibus articulados. A operação continua nesta quarta (4).

"A Linha 15-prata continuará fechada enquanto são feitas as vistorias e inspeções nos trens e vias para identificar as causas dos danos aos pneus, que são de responsabilidade do Consórcio CEML, que tem participação da Bombardier, Queiroz Galvão e OAS", diz o Metrô. O Consórcio Monotrilho Leste é formado pelas construtoras da linha 15, que na época causou polêmica por escolher um monotrilho elevado e não um metrô.

A empresa diz que "vai responsabilizar o consórcio pelos problemas causados e já estuda juridicamente as formas de penalização. Os prejuízos decorrentes desta paralisação também serão cobrados do CEML", afirma a companhia.

O Sindicato dos Metroviários afirma que técnicos vistoriaram toda a via pela qual corre o monotrilho e não identificaram objetos que poderiam provocar o rompimento do pneu, o que indica que a falha seria de fabricação.

O Consórcio Monotrilho Leste disse, em nota, que até quinta-feira (5) dará uma previsão de quando a operação do monotrilho poderá ser retomada. A companhia não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a peça lançada ao solo.

Na terça (3), o coordenador do Sindicato dos Metroviários, Wagner Fajardo, disse que também estuda acionar juridicamente os responsáveis pela implantação do monotrilho. De acordo com a entidade, esses pneus, fabricados pela Michelin, têm garantia de dez anos.

O monotrilho —espécie de trem com rodas, sobre um estrutura elevada —foi apresentado como uma solução rápida e barata para ligar a Vila Prudente à Cidade Tiradentes, mas virou uma obra demorada e cara.

O estouro dos pneus é mais um de uma série de incidentes que a linha já enfrentou. Em janeiro de 2019, um equipamento chamado terceiro trilho, que fornece energia aos trens, se soltou e ficou pendurado a 15 metros do solo.

Um dia depois, dois trens se chocaram —como os vagões estavam vazios, ninguém se feriu.

Em maio do ano passado, um pneu saiu do seu eixo e o trem não conseguiu fazer uma manobra e ficou travado sobre as vigas.

Em junho do ano passado, o muro da estação Camilo Haddad desabou sobre a escada que dá acesso à plataforma.

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